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Editorial: Um homicídio a cada duas horas em Pernambuco

Balanço do número de homicídios em Pernambuco divulgado pela Secretaria de Defesa Social diz que 1.944 pessoas foram assassinadas nos primeiros cinco meses do ano

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Publicado em 18/06/2018 às 9:06
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Balanço do número de homicídios em Pernambuco divulgado pela Secretaria de Defesa Social diz que 1.944 pessoas foram assassinadas nos primeiros cinco meses do ano, 22% menos que em igual período do ano passado e isso foi possível porque a segurança pública conta com um orçamento de R$ 5 bilhões para este ano, foram contratados quase 6 mil policiais, criados novos batalhões e novas delegacias, adquiridos novos equipamentos e mais veículos. “Ainda estamos distantes de onde queremos chegar, mas com certeza estamos no caminho certo”, diz o secretário executivo Humberto Freire.

Em contraponto, um outro tipo de balanço é possível fazer: uma pessoa foi assassinada a cada 2h nos primeiros cinco meses deste ano e isso nos diz que as coisas continuam andando mal, não importa se chegamos ao 6º mês consecutivo de queda de homicídios. De tão grave esse quadro, mais que um balanço, é preciso um diagnóstico para o qual só cabe fazer uma espécie de autópsia desse espaço geográfico chamado Pernambuco para identificar todas as doenças, se há cura ou estamos com uma doença incurável, quaisquer que sejam os medicamentos e seus aplicadores. Sem um conhecimento detalhado desse corpo doente a partir da identificação de todos os seus tumores, fica difícil entender o caminho certo de que trata o secretário executivo. Que caminho nos levam aos dados divulgados senão ao reconhecimento da falência do sistema? Falar de percentuais nada acrescenta à perplexidade diante do número de homicídios desde que PE criou um Pacto pela Vida. Por isso exige reflexão o que diz o Gajop: “É preciso saber como se pretende sustentar esses números. Se for apenas pensando nas ações repressivas vamos ter respostas rápidas que vão durar pouco tempo, como já aconteceu em outros momentos do Pacto”.

Vilões

É preciso advertir, porém que, com ou sem autópsia, estamos perante matéria tão complexa que não há como identificar vilões entre os responsáveis pelo combate à criminalidade. É inimaginável que os mecanismos oficiais com a competência e o dever de prevenir e combater o crime não o façam por omissão, incúria ou incapacidade. Basta ver as credenciais do secretário executivo da SDS: um currículo impecável, de quem está apto a atuar em qualquer área da criminalidade, pelo que é preciso buscar-se o núcleo da questão. Isso nos leva a admitir uma situação penosa: pela repetição dos balanços, para mais ou para menos, tudo continua de mal a pior em PE – e qualquer outro Estado – e não há indicativo de que nos próximos anos teremos balanços mais próximos da ideia de uma sociedade pacificada.

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