Cultura Popular

Titulo de Patrimônio Imaterial valoriza e salvaguarda maracatus e cavalo-marinho

Eleição aconteceu durante a 77ª reunião do grupo e deve incluir mais três representações culturais brasileiras

Mateus Araújo
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Mateus Araújo
Publicado em 04/12/2014 às 6:10
Foto: Alexandre Belém/Acervo JC Imagem
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É festa nos terreiros de Pernambuco. Os batuques e as rabecas celebraram ontem o título de Patrimônio Imaterial do Brasil concedido ao maracatu nação, ao maracatu de baque solto e ao cavalo-marinho, pelo Conselho Consultivo do Patrimônio Cultural do Instituto de Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan). As manifestações foram escolhidas por unanimidade entre os conselheiros. A eleição acontece em Brasília até hoje, durante a 77ª reunião do grupo e deve incluir mais três representações culturais brasileiras. 

Com este título, os maracatus e o cavalo-marinho passam a fazer parte do Livro das Formas de Expressão do Iphan e têm garantidos o reconhecimento, a valorização e a salvaguarda de um conjunto de bens culturais, saberes e fazeres que os representam. O registro de Patrimônio Imaterial reconhece folguedos e expressões emblemáticas para a cultura brasileira, ao mesmo tempo em que aponta para o apoio, o fomento e a apreensão de sua importância para a identidade e história do nosso povo.

Foto: Guga Matos/JC Imagem
Cavalo Marinho e Maracatus são novos Patrimônios Imateriais do Brasil - Foto: Guga Matos/JC Imagem
Foto: Alexandre Belém/Acervo JC Imagem
Cavalo Marinho e Maracatus são novos Patrimônios Imateriais do Brasil - Foto: Alexandre Belém/Acervo JC Imagem
Foto: Alexandre Belém/Acervo JC Imagem
Cavalo Marinho e Maracatus são novos Patrimônios Imateriais do Brasil - Foto: Alexandre Belém/Acervo JC Imagem
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Cavalo Marinho e Maracatus são novos Patrimônios Imateriais do Brasil - Foto: Alexandre Belém/Acervo JC Imagem
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Foto: Chico Porto/JC Imagem
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Foto: Guga Matos/JC Imagem
Cavalo Marinho e Maracatus são novos Patrimônios Imateriais do Brasil - Foto: Guga Matos/JC Imagem
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Foto: Hélia Scheppa/JC Imagem
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Foto: Rodrigo Lôbo/Acervo JC Imagem
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Foto: Renato Spencer/Acervo JC Imagem
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Foto: Renato Spencer/Acervo JC Imagem
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Expressões genuinamente nordestinas, os novos patrimônios nacionais são marcas das identidades negra e cabocla, que compõem o gene da formação brasileira. Nascido por entre as canas da Zona da Mata, o maracatu de baque solto (ou maracatu rural, como também é chamado) é uma união de festa e misticismo nos terreiros de poeira e cores vibrantes. Com a cabeleira brilhosa, guerreiros misteriosos cortam o canavial sob a proteção sagrada das golas reluzentes, bordadas à mão com lantejoulas de cores vivas. É nestas estradas no meio da poeira que eles fazem um caminho de arte, tradição e fé, ritmados pelos chocalhos às costas. 

De toadas improvisadas, que falam do dia a dia naquela região de solo massapê, o folguedo encanta os olhos de quem assiste aos seus cortejos e alegra a vida de quem luta constantemente pela sobrevivência. Em Aliança, o Estrela de Ouro é uma das agremiações que representam essa tradição popular, reunindo brincantes de uma vida inteira. Outro conhecido grupo de baque solto é o Piaba de Ouro, do eterno Mestre Salustiano, expoente na defesa das manifestações populares do Nordeste. 

De ginga mais lenta que o baque solto, surgido à beira do Porto, no Recife, o maracatu nação tem sua cadência originada na tradição religiosa dos terreiros de candomblé. Nasceu como louvor aos reis do Congo, muitas vezes à porta das igrejas do Rosário dos Homens Pretos, como festa de escravos livre vigiados pelos vigários. Do Centro, com o desenvolvimento econômico da cidade, foram migrando para a periferia. Em Olinda, o Leão Coroado é uma das grandes referências do gênero. Presidido pelo mestre Afonso Aguiar, o grupo de 150 anos é um dos mais antigos em atividade no Estado. Nasceu no berço dos movimentos negros de Pernambuco, em pleno bairro da Boa Vista, ao lado do extinto Elefante. 

O terceiro folguedo que recebeu título de Patrimônio Imaterial do Brasil é o cavalo-marinho, espetáculo cênico da Zona da Mata pernambucana e do sul da Paraíba, com ligação às festas do ciclo natalino. Considerado um teatro popular – bem semelhante à commedia dell’arte italiana –, o brinquedo representa o cotidiano dos boia-frias, com poesia, música, rituais e movimentos corporais. Contém personagens com máscaras (figuras), variados tipos de danças, um rico repertório musical, a louvação ao Divino Santo Rei do Oriente, momentos de culto à Jurema Sagrada e a presença de animais, como o cavalo e o boi. Um espetáculo inteiro de cavalo-marinho pode durar até 12 horas.

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