MORTES NO TRÂNSITO

Maio Amarelo: o trânsito mata duas pessoas por minuto e 3.200 por dia. Você sabia?

Houve uma ligeira redução no número anual de mortes no trânsito, mas foi muito pequena. Assim, os sinistros de trânsito continuam sendo uma crise persistente de saúde global

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Roberta Soares

Publicado em 08/05/2024 às 11:40
Notícia

O trânsito mata duas pessoas por minuto e 3.200 por dia no mundo. Acredita? Por ano, são 1,19 milhão de óbitos evitáveis, como na saúde são definidas as mortes no trânsito. Os dados são da Organização Mundial de Saúde (OMS) e fazem referência a números de 2022, unificados num relatório global de status da OMS sobre segurança no trânsito de 2023. O relatório foi produzido com o apoio da Bloomberg Philanthropies.

O mesmo levantamento, fechado no fim de 2023, mostra que o número anual de mortes no trânsito diminuiu ligeiramente para 1,19 milhão por ano. Que, desde 2010, houve uma leve queda de 5% anualmente.

No entanto, os sinistros de trânsito (não é mais acidente de trânsito que se define, segundo a ABNT) continuam sendo uma crise persistente de saúde global, com pedestres, ciclistas e outros usuários vulneráveis enfrentando um risco agudo e crescente de morte.

"A carnificina em nossas estradas é evitável. Pedimos a todos os países que coloquem as pessoas, e não os carros, no centro de seus sistemas de transporte, garantindo a segurança de pedestres, ciclistas e outros usuários vulneráveis das estradas”, pede o diretor-geral da OMS, Dr. Tedros Adhanom Ghebreyesus.

"O trágico número de mortes em sinistros de trânsito está indo na direção certa, para baixo, mas está longe de ser rápido o suficiente", segue alertando.

REDUÇÃO DE MORTES EM 108 PAÍSES, MAS EM ÍNDICES PEQUENOS

Entre os Estados Membros da ONU, 108 países relataram uma redução nas mortes relacionadas ao trânsito entre 2010 e 2021. Mas apenas dez países conseguiram reduzir as mortes no trânsito em mais de 50%.

Hélia Scheppa/Prefeitura do Recife
Relatório aponta que as mortes no trânsito aumentaram 19,3% na capital pernambucana. No País, são mais de 30 mil mortos por ano - Hélia Scheppa/Prefeitura do Recife

São eles: Bielorrússia, Brunei, Dinamarca, Japão, Lituânia, Noruega, Federação Russa, Trinidad e Tobago, Emirados Árabes Unidos e Venezuela. E 35 países obtiveram progresso significativo, reduzindo as mortes entre 30% e 50%.

FARDO DAS MORTES DO TRÂNSITO É GLOBAL

O relatório da OMS mostra que 28% das mortes globais no trânsito ocorreram na Região do Sudeste Asiático, 25% na Região do Pacífico Ocidental, 19% na Região Africana, 12% na Região das Américas, 11% na Região do Mediterrâneo Oriental e 5% na Região Europeia.

Nove em cada dez mortes ocorrem em países de baixa e média renda, e as fatalidades nesses países são desproporcionalmente mais altas em comparação com o número de veículos e estradas que possuem.

QUANTO MAIS POBRE, MAIOR O RISCO DE MORRER NO TRÂNSITO

O risco de morte é 3 vezes maior em países de baixa renda do que em países de alta renda, embora os países de baixa renda tenham apenas 1% dos veículos motorizados do mundo.

Cinquenta e três por cento de todas as fatalidades no trânsito são de usuários vulneráveis das estradas: pedestres (23%); condutores de veículos de duas e três rodas, como motocicletas (21%); ciclistas (6%); e usuários de dispositivos de micro-mobilidade, como e-scooters (3%).

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Número de mortes no trânsito em 2022, segundo DataSus - Reprodução
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Número de mortes no trânsito em 2022, segundo DataSus - Reprodução
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Número de mortes no trânsito em 2022, segundo DataSus - Reprodução

As mortes entre ocupantes de carros e outros veículos leves de quatro rodas diminuíram ligeiramente para 30% das fatalidades globais. "Nossa missão na Bloomberg Philanthropies é salvar e melhorar o maior número possível de vidas, e uma das melhores maneiras de fazer isso é tornar mais estradas do mundo seguras para todos", disse Michael R. Bloomberg, fundador da Bloomberg LP e Bloomberg Philanthropies e Embaixador Global da OMS para Doenças Não Transmissíveis e Lesões.

"Há mais de uma década, fazemos progressos encorajadores em conjunto com a Organização Mundial da Saúde e nossos parceiros. Ainda assim, como este novo relatório deixa claro, a segurança no trânsito exige compromissos mais fortes de governos em todo o mundo - e continuaremos a instar mais líderes a tomar ações que salvam vidas."

MORTES DE PEDESTRES AUMENTARAM NO MUNDO

As mortes de pedestres aumentaram 3% para 274.000 entre 2010 e 2021, representando 23% das fatalidades globais. As mortes entre ciclistas aumentaram quase 20% para 71.000, representando 6% das mortes globais.

JAILTON JR./JC IMAGEM
Apesar da redução, mesmo pequena, a segurança no trânsito permanece uma questão global urgente - JAILTON JR./JC IMAGEM

Enquanto isso, a pesquisa indica que 80% das estradas do mundo não atendem aos padrões de segurança para pedestres e apenas 0,2% têm faixas para ciclistas, deixando esses usuários vulneráveis de forma perigosa.

E, embora 9 em cada 10 pessoas pesquisadas se identifiquem como pedestres, apenas um quarto dos países têm políticas para promover caminhadas, ciclismo e transporte público.

MUNDO NÃO AVANÇA NA PRIORIZAÇÃO DA SEGURANÇA VIÁRIA PARA OS MAIS VULNERÁVEIS NO TRÂNSITO

O relatório da OMS revela, ainda, uma falta alarmante de progresso na promoção de leis e padrões de segurança viária, principalmente a que protege os mais vulneráveis do trânsito. Apenas seis países têm leis que atendem às melhores práticas da OMS para todos os fatores de risco - velocidade, dirigir sob influência de álcool e uso de capacetes para motociclistas, cintos de segurança e dispositivos de retenção infantil.

Enquanto 140 países (dois terços dos estados membros da ONU) têm leis para pelo menos um desses fatores de risco. Vale destacar que a frota global de veículos está prevista para dobrar até 2030. No entanto, apenas 35 países - menos de um quinto dos estados membros da ONU - legislam sobre todos os recursos-chave de segurança de veículos (como sistemas de frenagem avançados, proteção de impacto frontal e lateral, etc.).

O relatório também revela lacunas significativas na garantia de infraestrutura rodoviária segura, com apenas 51 países - um quarto dos estados membros da ONU - possuindo leis que exigem inspeções de segurança que cubram todos os usuários das estradas.

O relatório analisou o período de 2010 a 2021 e estabelece uma base para os esforços de atendimento à meta da Década de Ação das Nações Unidas 2021–2030 de reduzir pela metade as mortes no trânsito até 2030.

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