Trabalho

Desemprego é efeito mais perverso dos problemas nas grandes obras

Refinaria e estaleiro criaram uma legião de desempregados em Pernambuco

Renata Monteiro
Cadastrado por
Renata Monteiro
Publicado em 20/08/2017 às 7:10
Guga Matos/JC Imagem
Refinaria e estaleiro criaram uma legião de desempregados em Pernambuco - FOTO: Guga Matos/JC Imagem
Leitura:

Para além dos prejuízos econômicos, as maiores sequelas da ruptura nos projetos podem ser vistas na vida daqueles que, enxergando uma oportunidade, apostaram em empregos que esvaíram após o apogeu dos empreendimentos. Desempregado desde que foi dispensado do Estaleiro Atlântico Sul (EAS), em novembro de 2016, o encanador Herculano da Silva, de 34 anos, diz que já procurou colocação em diversas áreas. Não conseguiu nada além de bicos.

O sustento da casa é garantido pela esposa, que é corretora. “Quando estava no estaleiro, a minha renda familiar girava em torno dos R$ 3,5 mil. Hoje, nos mantemos com os R$ 1,5 mil do salário da minha mulher, que está grávida de seis meses. Não sei o que faria se ela também estivesse desempregada”, comentou.

Casado e pai de duas filhas, Maurício Hartl, 33, trabalhou por 5 anos no EAS e foi demitido no início de 2017. Atualmente prestando serviço na empresa de instalação de circuitos de segurança de um amigo, ele não tem esperança de voltar para a área em que atuava. “Eu gostava muito de trabalhar no estaleiro, mas o mercado da construção naval está em plena decadência no Brasil. Espero agora uma outra oportunidade ou o crescimento nesta empresa em que estou”, afirmou Hartl.

ALUSA

Como se o desemprego já não fosse problema suficiente, há trabalhadores que, dispensados há cerca de dois anos, ainda não receberam tudo o que deveriam das empresas para as quais trabalhavam. Contratado pela Alusa Engenharia, o caldeireiro Rogério Miranda, 38, por exemplo, atuou na Refinaria Abreu e Lima entre 2013 e 2015. Até hoje, ele afirma que tem valores a receber da companhia, que teve pedido de recuperação judicial deferido pela Justiça. “Recebi R$ 7 mil. Depois de algum tempo, mais R$ 2 mil. E venho recebendo parcelas de pouco mais de R$ 300 desde então. Não consegui encontrar mais nenhum emprego fixo de lá para cá”, lamentou.

Últimas notícias