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Cunhômetro: site mostra deputados que mais concordam com Eduardo Cunha

Em Pernambuco, Fernando Monteiro (PP) votou igual ao presidente da Câmara em 90% das 168 votações realizadas no primeiro semestre de 2015

Paulo Veras
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Publicado em 16/08/2015 às 9:00
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A forte influência política do presidente da Câmara de Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), e sua capacidade de impor e aprovar uma agenda legislativa muitas vezes polêmica não são novidade. Mas é difícil que alguém soubesse que em 90% das 168 votações que a Câmara realizou no primeiro semestre do ano, o deputado pernambucano Fernando Monteiro (PP) votou da mesma forma que o peemedebista. Dados como estes são calculados pelo "Cunhômetro", um medidor desenvolvimento pelo Laboratório Analytics, do curso de Computação da Universidade Federal de Campina Grande (UFCG).

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Cunhometro

"O portal da Câmara disponibiliza os dados de cada votação, mas são muitas informações e acaba sendo difícil acompanhar de fato como é a atividade de cada deputado. Você acompanha na mídia alguma coisa como as bancadas, mas você não entende muito bem como isso funciona", explica o professor Nazareno Andrade, que coordenou o desenvolvimento do site House of Cunha, página que concentra as informações do "Cunhômetro", e cujo nome é inspirado na série da Netflix House of Cards, onde o líder do partido majoritário na Câmara tenta derrubar o presidente dos Estados Unidos.

Segundo o professor, o projeto surgiu da proposta de ver como os posicionamentos do PT, do PSDB, e do PMDB, três partidos emblemáticos para entender a política brasileira, ficam demonstrados nas votações que ocorrem na Câmara. A decisão de comparar a votação dos partidos e dos parlamentares com o encaminhamento dado por Eduardo Cunha foi resultado da postura que ele adotou após chegar ao comando da Casa, em fevereiro. "Ele tem feito esforço para ser protagonista. E muito do que tem sido discutido de política é em torno das pautas que ele tem colocado", argumenta.

Clique aqui para acessar o House of Cunha.

A análise dos dados revela dados interessantes. Um deles é que apesar da relação conturbada entre Cunha e o governo, os deputados petistas concordaram, em média, com 60% das votações do presidente da Câmara, enquanto os tucanos votaram igual ao peemedebista em 50% das pautas. Em Pernambuco, o deputado Silvio Costa (PSC), vice­líder do governo Dilma, votou mais vezes com Cunha do que o líder da minoria, Bruno Araújo (PSDB). Único peemedebista na bancada pernambucana, Jarbas Vasconcelos é um dos que menos concordou com as votações do deputado carioca.

"O fato de que o PMDB está quase equidistante do PT e do PSDB fala muito. A gente esperava que ele estivesse mais perto do governo. Ele está mais próximo do PT do que do PSDB, mas há uma distância significativa. Outros aliados, como o PCdoB, têm uma posição muito similar à do PT", ressalta o professor Nazareno Andrade.

DEPUTADOS - Mais próximo das votações de Eduardo Cunha dentre os deputados de Pernambuco, Fernando Monteiro diz que não tem uma relação pessoal próxima com o presidente da Câmara e nem votou nele para o cargo. "Eu sigo a orientação do meu partido. Sou uma pessoa disciplinada. Na liderança, a gente discute e a decisão é a que eu sigo. O PP está no bloco do PMDB e eu voto com o partido", afirmou o parlamentar.

Para o pepista, Cunha tem imprimido um ritmo importante para as votações na Casa. "Ele apenas é a pessoa que pauta, quem vota são os deputados. Ele está votando os temas que eu imagino que ele julga importantes para o País. Ele gosta de trabalhar e imprime esse ritmo. E coloca uma pauta que acha importante destravar", disse ainda o pernambucano.

Ao JC, Raul Jungmann (PPS) disse ter ficado feliz em saber que é o pernambucano que mais votou diferente do peemedebista. "Ele é um presidente de viés conservador, que vem ameaçando diversas conquistas da sociedade civil. Sobretudo na área dos costumes. Ele tem uma visão extremamente regressiva, conservadora e de direita no modo de entender as questões de gênero, a orientação sexual, o controle de armas, e a maioridade penal. E nós nos colocamos no polo oposto", disparou.

Apesar de reconhecer que Cunha realmente tem colocado a Câmara para trabalhar, Jungmann também faz ressalvas à condução da Casa pelo parlamentar. "A política não é produtividade, não é quantidade. A política tem que ter o primato da qualidade. Aquilo ali não é uma fábrica de caldo de cana, nem de salsicha. Você não produz leis e normas para consumo, mas para regular a vida social", defende.

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