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IPMN/JC: Eleitor recifense mais conservador

A maioria (76,9%) dos entrevistados disse ser favorável à redução da maioridade penal no período presente

Da redação
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Publicado em 05/08/2015 às 0:00
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Alvo de debate intenso no Congresso Nacional, a tese da redução da maioridade penal ganhou aderência na população recifense, segundo levantamento do Instituto de Pesquisa Maurício de Nassau (IPMN), publicado em parceria com o JC. A pesquisa teve por objetivo traçar o perfil do novo eleitor recifense e revela que ele está mais conservador. A maioria (76,9%) dos entrevistados disse ser favorável à redução da maioridade penal no período presente. Quando questionados se defendiam a tese no passado, 58,9% disseram que sim, ou seja, 18 pontos percentuais a menos. O número de favoráveis à pena de morte também cresceu se comparado com o passado: de 42,3% para 57,6%. Isto é, 15 pontos percentuais a mais. A consulta foi realizada nos dias 20 e 21 de julho de 2015, no Recife. A margem de erro é de quatro pontos para mais ou menos.

De acordo com o cientista político Adriano Oliveira, coordenador da pesquisa, os dados citados sinalizam para uma população mais intolerante com a criminalidade. “Por conta disso, passaram a defender medidas mais extremas. Digo mais extremas porque se tivéssemos um estado eficiente no combate à criminalidade, os percentuais poderiam se manter no mesmo nível ou diminuir em relação ao período passado”, explicou.

O contexto de forte debate da redução da maioridade penal também é um fator que pode ter contribuído para esse aumento de entrevistados favoráveis. O assunto permaneceu por alguns dias na pauta da Câmara Federal, que aprovou a Proposta de Emenda à Constituição (TCE) do tema em junho, e no noticiário local e nacional. “Mas não foi só a discussão na Câmara, mas a criminalidade em si. A mídia também contribui quando mostra menores criminosos não punidos, causando sentimento de impunidade na população”, avaliou Adriano Oliveira.

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Pesquisa IPMN: Perfil do eleitor recifense

A pesquisa aponta, ainda, que a maioria dos eleitores adota posturas conservadoras. Os entrevistados se posicionam desfavoravelmente à união homoafetiva, direito já garantido pelo Supremo Tribunal Federal (STF), e são contra a legalização das drogas e do aborto, dois temas polêmicos. Perguntados sobre a união homoafetiva, 60,6% disseram que não são favoráveis, enquanto 36,7% são defensores. Em comparação com o tempo passado também, o percentual dos que discordavam do “casamento gay” era maior: 70,6%.

Ao serem questionados também se são favoráveis ao aborto, um total de 91% respondeu negativamente, enquanto 8% positivamente. O percentual atrelado ao “tempo presente” demonstra uma leve queda em relação ao passado: 92,7% (o que pode ser incluído dentro da margem de erro). Quanto à legalização das drogas, 85,2% responderam que não concordam. Apenas 14,3% disseram que são favoráveis. Esse percentual também apresenta uma queda sutil se comparado com o passado, no qual 89% disseram que não são favoráveis à legalização das drogas. 

Sobre o sistema político, uma minoria de 11,5% defendeu a ditadura no Brasil. A democracia foi opção de 85,8% dos consultados. “Observamos uma mudança de comportamento e de valores. No caso da união homoafetiva, existe um processo de socialização e convivência maior com casais do mesmo sexo. Também há maior mídia, vejam as novelas”, disse Adriano.


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