Saúde

Mulher usa lente de contato de maneira errada e fica cega de um olho

Irenie Ekkeshis, residente no Reino Unido, pegou uma infecção ocular após manusear suas lentes de contato com os dedos molhados

JC Online
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Publicado em 13/04/2017 às 19:37
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Irenie Ekkeshis, residente no Reino Unido, pegou uma infecção ocular após manusear suas lentes de contato com os dedos molhados - FOTO: Reprodução/Facebook
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O uso de lentes de contato demanda uma série de cuidados para seus usuários. Uma delas é o uso de água para limpar as lentes. O simples manuseio do material com água ou até mesmo dedos molhados pode acarretar em problemas graves de saúde. Foi o que, infelizmente, ocorreu com Irenie Ekkeshis. Ela perdeu a visão de seu olho direito e a causa mais provável foi o manuseio de lentes de contato com dedos molhados.

Ekkeshis começou a usar lentes de contato desde que tinha doze anos de idade. Aos 30, ela iniciou a utilizar lentes descartáveis, daquelas que são trocadas todos os dias após o seu uso, e até então, não teve problemas com a lente.

No entanto, em 2011, Ekkeshis acordou com seu olho direito começando a lacrimejar sem parar. Após comprar um colírio simples e não ter resultado com o produto, ela decidiu ir até o Hospital dos Olhos de Moorfield, em Londres, para um procedimento de raspagem córnea. O exame realiza uma retira de células da superfície do olho do paciente e as leva para uma análise.

"É tão horrível quanto parece - você vê a agulha vindo na direção do seu olho. Era uma dor insuportável, mesmo com o uso de uma espécie de colírio anestésico", afirmou Irenie, em entrevista feita pela BBC Brasil.

O resultado do exame saiu após alguns dias e Ekkeshis foi diagnósticada com ceratite amebiana, uma infecção rara que é causada por um protozoário parasita chamado Acanthamoeba keratitis (AK), possível de ser encontrado na água da torneira, do mar e de piscinas.

"Fiquei chocada e com medo, pois naquele momento já tinha perdido a visão do olho direito. Parecia que estava enxergando através de um espelho embaçado", afirmou. "Não tomei banho ou nadei com minhas lentes de contato. Mas aprendi que até lavar as mãos e não secá-las bem antes de mexer nas lentes pode causar a doença.", continua a entrevistada.

Após o diagnóstico, os médicos recomedaram o uso de um colírio antisséptico. No entanto, Ekkershis não reagiu bem ao tratamento, sentindo bastante dor na região. Os médicos, então passaram um transplante, submetido em 2013, que parecia ter solucinado o problema.

"Era incrível poder ver com os meus dois olhos pela primeira vez em um muito tempo", declarou.

No entanto, o alívio durou pouco. 10 dias após o procedimento cirúrgico, Ekkershis percebeu que a visão de seu okho danificado voltou a ficar esbranquiçada. Os médicos, então, notaram que a infecção causada pelo protozoário havia sido passada para o transplante. Em 2014, uma nova cirurgia foi realizada, mas o caso não teve solução e ela perdeu completamenete a visão de seu olho direito.

"Meu conselho é simples. Nunca deixe que suas lentes entrem em contato com água - no chuveiro, para nadar ou quando for lavar. Apesar de raras, as infecções por AK podem acontecer e as consequências podem ser devastadoras."

Campanhas de conscientização sobre a doença

A doença sofrida por Ekkershis fez ela perceber sobre os problemas causados pela falta de divulgação sobre os riscos de se expor as lentes de contato à água. Vários de seus amigos utilizavam o produto e desconheciam a ceratite amebiana.

Ela, então, começou a questionar a Associação Britânica de Lentes de Contato sobre a falta de aviso nas embalagens das lentes, que afirmaram "não haver espaço" para esse tipo de alerta.

Com essa negativa, Ekkeshis, então, decidiu criar um símbolo que pudesse transmitir ao consumidor essa informação. A partir daí, as empresas percebeu o discurso de Ekkeshis e começou a produzir adesivos que pudessem ser colocados por donos de óticas pudessem colocar nas caixas. A campanha, chamada de "No Water" (sem água, numa tradução livre) já recebeu um importante prêmio no Reino Unido por conta de sua relevância na conscientização das pessoas.

A campanha no Reino Unido levou Ekkeshis a realizar palestras nos Estados Unidos para chamar a atenção do mercado americano e divulgar este novo símbolo com a esperança de que ele seja adotado nas embalagens.

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