EXTREMISTAS

Al-Qaeda se prepara para ruptura com Frente Al-Nusra, sua facção na Síria

O grupo tem sido atacado principalmente desde setembro de 2015 pela Rússia, aliada do regime sírio de Bashar Al-Assad

AFP
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Publicado em 28/07/2016 às 11:12
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O grupo tem sido atacado principalmente desde setembro de 2015 pela Rússia, aliada do regime sírio de Bashar Al-Assad - FOTO: Foto: Divulgação
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A rede Al-Qaeda montou o palco para uma possível ruptura com a Frente Al-Nosra, em meio a especulações que circulam na internet sobre um possível anúncio neste sentido por sua filial na Síria.

"Nós apelamos ao comando da Frente al-Nosra a avançar (no anúncio da ruptura) para proteger os interesses do Islã e dos muçulmanos e para proteger o povo da Jihad na Síria", anunciou o xeque Ahmad Hassan Abu el-Kheir em uma gravação de áudio divulgada na internet.

"Pedimos que adotem as medidas necessárias", continuou, referindo-se ao possível anúncio desta ruptura.

"Nossos irmãos que conduzem a Jihad na Síria tornaram-se uma força que não pode ser subestimada", acrescentou, em referência à Frente Al-Nosra, o maior grupo extremista na Síria depois de seu grande rival, a organização ultrarradical Estado Islâmico (EI).

Nos últimos dias, especulações têm circulado na internet com simpatizantes dos jihadistas e observadores evocando a possibilidade do anúncio de que Al-Nosra cortaria os laços com a rede fundada por Osama bin Laden.

Classificada como grupo "terrorista" por Washington, a Frente Al-Nosra tem sido alvo frequente dos ataques da coalizão liderada por Washington, mas em menor escala em comparação com EI.

O grupo tem sido atacado principalmente desde setembro de 2015 pela Rússia, aliada do regime sírio de Bashar Al-Assad.

Mas Washington acusa Moscou de visar igualmente durante estes ataques os rebeldes moderados, o que os russos negam.

A divulgação da gravação de áudio da Al-Qaeda acontece uma semana depois de um acordo entre os chefes da diplomacia russa e americana, Sergei Lavrov e John Kerry, sobre a luta conjunta contra a Frente Al-Nosra e o EI.

O especialista em grupos jihadistas Charles Lister tuítou esta semana que o objetivo da Al-Nosra era se proteger uma possível campanha russo-americana, de "se enraizar ainda mais na revolução síria e garantir o seu futuro a longo prazo".

A Frente Al-Nosra surgiu oficialmente em janeiro de 2012, dez meses após o início da revolta pacífica contra o regime de Bashar al-Assad, reprimida de forma sangrenta, que se transformou em um conflito devastador.

A grande diferença entre a Frente Al-Nosra e o Estado Islâmico é o fato de que a primeira se aliou a grupos rebeldes que lutam contra as tropas de Assad e construiu um apoio popular, enquanto o EI combate qualquer um que não se submeter as suas ordens.

Com a Al-Qaeda na Península Arábica (Aqap) e a Al-Qaeda no Magrebe (Aqmi), a Frente Al-Nosra é também um dos mais poderosos membros da rede e que tem sido ofuscada nos últimos anos pelo avanço do EI.

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