CEASA

Preço da cebola dispara por conta do excesso de chuvas

O quilo da cebola aumentou 140% em um ano mas valor da cesta de alimentos reduziu

Edilson Vieira - Repórter de Economia
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Edilson Vieira - Repórter de Economia
Publicado em 18/05/2018 às 7:20
Foto: Bobby Fabisak/JC Imagem
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O preço da cebola disparou nas últimas semanas. A saca de 20 quilos no Ceasa está custando R$ 60. Há um ano, em maio de 2017, era vendida por R$ 25. Um aumento de 140%. O período da entressafra, que começa em janeiro e vai até junho, normalmente é responsável pelo aumento no preço, mas, este ano, outros fenômenos colaboraram para inflacionar o custo. “O excesso de chuvas nas regiões produtoras diminuiu a oferta da cebola e ainda teve a alta do dólar, que encareceu o produto vindo da Argentina”, explica o gerente de informação do mercado agrícola do Ceasa, Marcos Barros. Pelo Ceasa circulam cerca de 3.500 toneladas de cebola mensalmente.

O preço no varejo para quem vai fazer feira no Ceasa é entre R$ 3 e R$ 4 o quilo, dependendo da qualidade do produto. Nos supermercados a cebola chega a custar até R$ 6 o quilo. “Há três meses eu vendia a R$ 1,50 o quilo”, diz Roberto Rodrigues, comerciante da Ceasa que cobra R$ 3 o quilo da cebola comprada a um fornecedor na Paraíba. A poucos passos da barraca de Roberto, outro feirante, Charles René Gomes, vende o quilo da cebola, de um tamanho maior, a R$ 3,50. “Agora estou vendendo mais. Quando o preço era R$ 4, a procura caiu muito”, diz René.

Foto: Bobby Fabisak/JC Imagem
A saca de 20 quilos no Ceasa está custando R$ 60 - Foto: Bobby Fabisak/JC Imagem
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O preço no varejo para quem vai fazer feira no Ceasa é entre R$ 3 e R$ 4 o quilo - Foto: Bobby Fabisak/JC Imagem
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Em um supermercado da Zona Norte do Recife, a educadora Tereza Wanderley ensina a driblar a alta dos alimentos. Ela diz que pesquisa em vários locais e deixa para comprar frutas e verduras no meio da semana, quando são oferecidos a preços menores. “A cebola e o tomate aqui estão custando R$ 4,50 o quilo, acho caro”, diz a professora. Ela ensina uma receita para economizar com produtos que estão na entressafra. “O tomate eu substituo pelo molho pronto e uso alho no lugar da cebola”, diz ela.
O tomate também está na lista dos produtos que tiveram o cultivo prejudicado pelo excesso de chuvas. Subiu de preço 25% no último mês. A caixa de 25 quilos custa R$ 50 no Ceasa.

CEBOLA

A partir do próximo mês de julho tanto a cebola quanto o tomate devem ter seus preços reduzidos por conta do início das safras. Além disso, Pernambuco deverá colher mais de 192 mil toneladas de grãos na safra 2017/2018, segundo levantamento de maio da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). Em todo Brasil, serão colhidas mais de 232 milhões de toneladas, um aumento de 1,3% em relação abril. O resultado é o segundo maior já registrado no País. “Nós percebemos desde o ano passado, uma redução no preço da maioria dos alimentos que deve se acentuar este ano, por conta da boa oferta de chuvas e dos bons resultados na agricultura”, diz o gerente de informação do mercado agrícola do Ceasa, Marcos Barros.

A variação no preço das hortaliças foi de 16,52% para menos entre maio de 2017 e maio de 2018. Já as frutas apresentaram diminuição nos preços de 6,53% neste mesmo período, segundo o Ceasa.

NA BAHIA

Nas feiras e mercados, a cebola, antes encontrada por até R$ 3,99 o quilo, agora, com os reajustes, passou a R$ 6 ou mais ao consumidor final. Os dados do Índice de Preços ao Consumidor (IPCA) de abril só serão divulgados no dia 10 de maio pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), mas, no acumulado de janeiro a março, a cebola já aparece como a grande vilã, com alta de 46,16% na Região Metropolitana de Salvador (RMS).

Se for considerar o preço da saca, a alta é maior ainda. A Secretaria de Agricultura, Pecuária, Irrigação, Pesca e Aquicultura da Bahia (Seagri) calcula que, de janeiro para cá, a variação no preço da saca de 20 quilos da hortaliça na Bahia, o segundo maior produtor nacional, chegou a 72%. Em janeiro deste ano, custava R$ 25 em Salvador e agora está em R$ 43.

A explicação para a alta no preço pode estar na seca no Sul do Brasil e no excesso de chuva no Centro-Oeste e no Nordeste neste início de ano. Isso fez com que as plantações de cebola dos principais mercados fornecedores do país tivessem perdas de até 30% da produção.

Na Bahia, o principal fator que fez o preço da cebola subir foi a chuva. Na região de Irecê, no Centro-Norte, choveu além do que os produtores esperavam. Chuva demais para a cebola é ruim, porque faz com que ela fique vulnerável a doenças e perda de qualidade, como ocorreu entre fevereiro e março. 

O resultado disso foi que a produtividade média de 100 toneladas por hectare na região caiu para 70 toneladas, segundo informações da representação estadual da Associação Nacional de Produtores de Cebola (Anace).

Com a alta dos preços na Bahia, produtores do Nordeste começaram a plantar cebola de novo, o que deverá gerar acúmulo do produto para venda entre setembro e outubro, chocando com a safra de São Paulo e Goiás, além do começo da safra em Santa Catarina, maior produtor nacional em 2017, com 509 mil toneladas.

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