COMPLEXO PETROQUÍMICO

Petroquímica Suape e Citepe fecham 2017 com prejuízo milionário

Atualmente controladas pela Petrobras, ambas as empresas tiveram a venda à mexicana Petrotemex aprovada pelo Cade

Da editoria de economia
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Publicado em 26/04/2018 às 7:00
Foto: Guga Matos/JC Imagem
Atualmente controladas pela Petrobras, ambas as empresas tiveram a venda à mexicana Petrotemex aprovada pelo Cade - FOTO: Foto: Guga Matos/JC Imagem
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Com dificuldades para escoar sua capacidade de produção e com entraves para alcançar melhor margem de vendas no cenário nacional, a Companhia Petroquímica de Pernambuco (Petroquímica Suape) e a Companhia Integrada Têxtil de Pernambuco (Citepe) fecharam mais um ano no vermelho. A Petroquímica registrou um prejuízo de R$ 122 milhões em 2017, enquanto a Citepe chegou ao fim do ano com R$ 205 milhões no vermelho.

Atualmente controladas pela Petrobras, ambas as empresas tiveram a venda à mexicana Petrotemex (subsidiária do grupo mexicano Alpek) aprovada pelo Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) em março. Não foram as únicas. As companhias seguem o mesmo ritmo da concorrente M&G Chemicals, maior fabricante de resinas PET da América do Sul, com fábrica instalada em Suape e prejuízo de R$ 568 milhões registrado no ano passado. Os balanços foram divulgados ontem.

De acordo com o economista, sócio-diretor da JBG & Calado, José Emílio Calado, os balanços anuais das três empresas trazem à tona resultados que comprovam o quanto os investimentos não deram certo. “Nenhuma das três empresas tem conseguido apresentar bons resultados desde o início de suas operações. O capital da Citepe, de R$ 5,6 bilhões, praticamente foi perdido. De prejuízos acumulados, a companhia já soma R$ 5,3 bilhões. A mesma coisa ocorre com a Petroquímica Suape, com capital de R$ 4,4 bilhões e prejuízo acumulado de R$ 4,5 bilhões. No caso da M&G, o capital de R$ 398 milhões tem como resultado um prejuízo acumulado de R$ 492 milhões. Quando olhamos esses resultados, chegamos à conclusão de que essas empresas perderam praticamente tudo que foi investido em capital”, diz ele.

Ainda conforme o balanço da Petroquímica Suape, a planta da unidade de ácido tereftálico purificado (PTA) foi projetada para produzir 640 mil toneladas por ano da matéria-prima, com a maior parte desse volume sendo consumido pelas outras unidades do Complexo, na produção da resina PET e polímeros e filamentos têxteis.

Cerca de 85% da produção da PQS seria escoada para as plantas da Citepe, que produziria poliéster têxtil – com linha ainda não concluída – e de resinas PET, que depende dos avanços do mercado nacional. O Brasil consome 60% de sua produção interna.
O grupo italiano M&G pretende se desfazer do ativo brasileiro para sanar parte de seu desequilíbrio financeiro no mundo. No final do ano passado, a companhia entrou em processo de recuperação judicial na Itália e nos Estados Unidos. No mercado norte-americano, a M&G acumulava dívida de US$ 57 milhões com a Indorama Ventures, à qual foi vendida em março. O fechamento do negócio no Brasil depende da aprovação do Cade e deve ser concluído no 2º trimestre deste ano.

Já o processo de venda do controle acionário da Petroquímica Suape e da Citepe, ainda que aprovado com restrições pelo Cade em fevereiro deste ano, não foi finalizado.As companhias foram procuradas mas não quiseram se manifestar.

Venda

Os processos de venda das empresas do Complexo Industrial Químico-têxtil de Suape, embora contabilizem críticas por conta da discrepância entre o valor de investimento da Petrobras e o valor da venda, também são vistos como oportunidade de reestruturação. O alívio, para especialistas, poderá vir caso as empresas passem a atender o mercado internacional, sendo inseridas na “cadeia produtiva global”.

“O Complexo Industrial de Suape, como um todo, foi atingido severamente por duas frentes: a recessão, com queda da demanda de vários produtos, e a operação Lava Jato. A justificativa feita pelas empresas (em relação aos resultados dos balanços) é justamente por conta da demanda, ou seja, um problema de mercado. Ainda não sabemos os termos dos projetos executivos para a compra das companhias, mas esperamos que as empresas sejam inseridas nas cadeias produtivas globais, passando a fazer parte de uma estratégia internacional. O grupo que comprou a petroquímica já é consolidado. Há um prejuízo enorme pela venda, por conta do custo da instalação do empreendimento, mas acredito que essa possa ser uma oportunidade de recuperação”, diz o economista e sócio-diretor da Consultoria Econômica e Planejamento (Ceplan), Jorge Jatobá.O investimento da Petrobras no complexo foi de R$ 9 bilhões, enquanto o valor da venda chegou à soma do R$ 1,25 bilhão.

A venda da Petroquímica e da Citepe à Petrotemex foi autorizada pelo Cade mediante o firmamento de um Acordo de Controle de Concentração (ACC), que garante à M&G condições iguais de preços e quantidades que sua competidora na fabricação de resina PET (a Citepe).

Pelo acordo, a venda da matéria-prima à M&G será feita por tempo suficiente até solução de longo prazo. Inaugurada em 2007, a fábrica da M&G em Suape tem capacidade para produzir 550 mil toneladas de resinas PET, que são vendidas a clientes dos setores de embalagens e da indústria têxtil. A compradora da empresa, a Indorama Ventures (IVL), é uma das líderes globais nos mercados de plásticos e resinas, presente em 25 países.

 

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