FRUTICULTURA

Produção de manga no Vale do São Francisco ameaçada por praga

Incertezas sobre a continuidade ao plano de ações contra a mosca-das-frutas preocupa produtores locais

Luiza Freitas
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Luiza Freitas
Publicado em 05/10/2017 às 7:15
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A praga da mosca-das-frutas volta a preocupar os produtores de manga do Vale do São Francisco. A cultura que tem uma produção anual de um milhão de toneladas – avaliada em R$ 1 bilhão –, é o principal alvo do inseto que ataca o fruto maduro, tornando-o impróprio para a comercialização. Diante da falta de um combate efetivo do problema por parte do poder público, os produtores temem sofrer embargos de outros países que importam a produção. A manga é hoje a fruta mais exportada pelo Vale, movimentando 130 milhões de dólares por ano.

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Após o surgimento da praga, em 2014, a principal ação do poder público tem sido de monitoramento dos insetos, feito através do plano de controle seguido pela Agência de Defesa e Fiscalização Agropecuária de Pernambuco (Adagro). “Estamos acompanhando a população dessas moscas, os períodos em que ela cresce e as propriedades que não estão agindo de acordo com as recomendações para inibir a praga. Ficamos em contato com esses produtores para dar orientação e cobrar ações”, explica a diretora de defesa e inspeção vegetal da agência, Raquel Melo de Miranda.

PLANO DE AÇÃO

O trabalho realizado pela Adagro foi inicialmente financiado pelo Governo de Pernambuco, o que hoje é feito pelo Ministério da Agricultura. Os recursos para o monitoramento, no entanto, só estão garantidos pela pasta até o ano que vem e, depois disso, a agência não sabe como conseguirá manter o plano de ação. Procurado pela reportagem, o ministério não se posicionou até o fechamento desta edição.

A Adagro monitora uma área de 13.300 hectares dentro do Vale do São Francisco e a análise dos dados coletados é feita pela Moscamed, uma biofábrica de controle de pragas de Juazeiro, Bahia. Apesar dessa parceria para o acompanhamento das moscas, o trabalho de combate propriamente dito fica a cargo dos produtores. “O problema é que a mosca não respeita cercas. Então, se um produtor faz o seu combate mas o vizinho não faz, a produção de toda a região é comprometida. Por isso, a importância de o poder público tomar essa frente também”, diz o presidente da Associação dos Produtores do Vale do São Francisco (Valexport), José Gualberto.

Em julho deste ano, o governo de Pernambuco realizou a renovação do contrato com a Moscamed pelo valor de R$ 545 mil para ações até dezembro deste ano. Além do monitoramento, o serviço contratado inclui a distribuição de agrotóxicos e a inserção de insetos estéreis no meio, que ao longo do tempo ajudam a reduzir a população das moscas.

DIVISAS

O trabalho estadual, no entanto, não é o mais efetivo, já que existem pomares no lado baiano do Vale do São Francisco em que a Adagro não pode interferir e a mosca tem capacidade para voar por até dois quilômetros. “Se a situação se agravar e sofrermos o embargo de um país importador, é uma região toda que terá o escoamento suspenso”, alerta Gualberto. A mosca deixa sob a casca do fruto suas larvas, que posteriormente se alimentam da polpa, estragando a manga. O combate pode ser feito através de controle químico, cultural (com a colheita dos frutos, sem deixar que os amadurecidos caiam no solo) ou biológicos (com a introdução dos insetos estéreis).

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