CRISE HÍDRICA

Nordeste vai produzir menos energia devido a pouca quantidade de água no reservatório de Sobradinho

A expectativa é de que a vazão de Sobradinho fique em 700 metros cúbicos por segundo. Atualmente é 800 metros cúbicos por segundo

Ângela Fernanda Belfort
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Ângela Fernanda Belfort
Publicado em 25/10/2016 às 14:41
Foto: Acervo JC Imagem
A expectativa é de que a vazão de Sobradinho fique em 700 metros cúbicos por segundo. Atualmente é 800 metros cúbicos por segundo - FOTO: Foto: Acervo JC Imagem
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A crise hídrica vai continuar fazendo com que a região Nordeste produza menos energia nas hidrelétricas do São Francisco que pertencem à Companhia Hidro Elétrica do São Francisco (Chesf). Também trará problemas para quem depende das águas do Velho Chico a partir de Sobradinho, na Bahia, o que ocorre com municípios localizados em Pernambuco, Sergipe e Alagoas. O Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) já autorizou a Chesf a fazer os testes para que a vazão de Sobradinho fique em 750 metros por segundo e, posteriormente, 700 metros cúbicos por segundo. Isso ocorre devido à falta de chuvas na cabeceira do São Francisco, em Minas Gerais.

“Ainda não começamos os testes, porque estamos esperando uma autorização da Agência Nacional das Águas (ANA). A vazão só vai diminuir se não for prejudicar a captação de água para o uso humano nas cidades de Sergipe e Alagoas”, explica o presidente da Chesf, José Carlos de Miranda Farias. Ele argumenta também que a incerteza com relação às chuvas é grande. A região onde nasce o São Francisco está passando por uma estiagem que vai para o quinto ano, sendo a maior desde 1929.

Atualmente, são liberados 800 metros cúbicos por segundo de Sobradinho. A redução da vazão fará com que as hidrelétricas que a Chesf tem no São Francisco saiam de uma produção média de 2,5 mil megawatts (MW) médios para 2,2 mil MW médios. “Isso vai provocar perdas à Chesf, mas não temos o valor exato agora. O mais importante é poupar a água para o uso humano”, conta José Carlos. Numa situação hidrológica normal, as hidrelétricas do São Francisco geravam, em média, 6 mil MW médios. O consumo de todo o Nordeste é de 10,1 mil MW médios.

NÃO HÁ RISCO

Ao contrário de 2001, a falta de água nos reservatórios da Chesf não vai significar racionamento de energia. “Não há qualquer risco de faltar energia. Temos as eólicas produzindo, várias térmicas que podem gerar e a região está importando de 35% a 40% de todo o consumo nordestino diariamente”, revela José Carlos.

Para ele, ainda é cedo para falar sobre como ficará a situação em 2018. No entanto, na semana passada, o Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) divulgou uma nota técnica defendendo a redução da vazão do São Francisco e indicando que há cenários em que isso pode ocorrer até 2018.

“Se chover, tudo isso pode ser alterado. Só temos ideia de como vai ficar 2018 em abril do próximo ano, quando se encerra o período chuvoso da região do São Francisco”, argumenta José Carlos.

Somente em Pernambuco, as águas do São Francisco são usadas para o abastecimento humano em 37 cidades do Sertão. A redução da vazão também pode impactar a agricultura do Vale do São Francisco, incluindo o polo de fruticultura irrigada de Petrolina-Juazeiro.

A vazão ambientalmente correta de Sobradinho é de 1,3 mil metros cúbicos por segundo, mas pelo menos desde 2014 a vazão vem sendo reduzida. Responsável por 60% da água que pode ser usada para gerar energia no Nordeste, Sobradinho estava com 8,3% do seu volume útil na última sexta-feira. Na mesma data de 2015, esse percentual era de 5,9%. 

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