REQUALIFICAÇÃO

Centro de Convenções pode ser gerido pela iniciativa privada

Secretário estadual de Turismo anunciou possibilidade de privatização (por meio de parceria público-privada). Seria forma de operar com eficiência

Ângela Fernanda Belfort
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Ângela Fernanda Belfort
Publicado em 29/04/2016 às 10:15
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Secretário estadual de Turismo anunciou possibilidade de privatização (por meio de parceria público-privada). Seria forma de operar com eficiência - FOTO: Foto: Heudes Regis/JC Imagem
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O secretário estadual de Turismo, Esportes e Lazer, Felipe Carreras, afirmou, em entrevista ao programa Supermanhã, da Rádio Jornal, que há uma possibilidade de privatização (via parceria público-privada) para uma empresa operar o Centro de Convenções de Pernambuco (Cecon-PE). O equipamento está em estado precário, precisando de investimentos sobretudo na sua infraestrutura. O secretário falou à rádio nesta quinta-feira (29).

Segundo ele, será feito um estudo de viabilidade sem custo ao Estado num termo de cooperação técnica entre o governo de Pernambuco e o Recife Convention Bureau. Na quinta-feira, pelo menos seis entidades ligadas ao trade turístico entregaram um documento pedindo que fossem implantadas 22 melhorias no Centro de Convenções.

Ainda de acordo com Carreras, somente depois do estudo concluído será definido o modelo de PPP. O secretário disse que a ideia era o Estado não entrar com recursos e a própria “iniciativa privada bancar as intervenções necessárias à modernização e requalificação do Centro de Convenções. Não sabemos informar se isso vai ocorrer este ano”, acrescentou. Também não há ainda a definição de como os investidores privados seriam remunerados.

Num primeiro momento, Carreras vai analisar as reivindicações feitas pelo trade turístico, tentar “transformá-las em orçamento e tentar fazer algumas dessas melhorias com recursos do governo do Estado”. O problema é que o Estado vive uma crise financeira que o obriga até a atrasar o pagamento dos comissionados. Na esfera federal, o País também está numa situação difícil e terá que cortar despesas para diminuir o seu déficit. 

O governo do Estado planeja fazer melhorias no Cecon-PE desde 2012, ainda na gestão do governador Eduardo Campos (PSB). Naquele ano, a administração estadual começou a falar da possibilidade de fazer uma PPP para operar aquele equipamento, chegando a procurar empresas privadas. Não apareceram interessados num projeto que previa um investimento de R$ 1 bilhão, dobrando o tamanho do Cecon, estabelecendo a construção de um novo teatro, entre outras coisas. “Esse projeto não foi da minha gestão, mas o Estado percebeu que não era viável economicamente”, comenta Carreras. E acrescenta: “em breve, vamos anunciar uma modernização e requalificação do Centro de Convenções”.

O secretário também revelou, durante a entrevista, que há empresas interessadas no Cecon e que tem recebido visitas nesse sentido, mas não citou nomes. (veja mais no blog JC Negócios de Fernando Castilho)

Segundo Carreras, a futura PPP será “validada” por representantes do trade turístico e as informações encaminhadas, no futuro, ao secretário de Administração, Milton Coelho. 

A propósito de PPPs, vale lembrar que a gestão do PSB já fez pelo menos dois contratos desastrosos para os cofres públicos: a Arena Pernambuco e o complexo prisional de Itaquitinga. 

Em relação ao Cecon, sua precariedade fez o Estado perder pelo menos quatro grandes feiras nos últimos dois anos, segundo executivos que atuam no setor. O secretário, naturalmente, nega. 

O trade apóia uma eventual privatização. “Seria bom passar a gestão do Cecon para a iniciativa privada. O centro precisa de melhorias para competir com os similares existentes no mercado e em Estados próximos. Como não se faz um estudo desse em um mês, sugerimos algumas intervenções que resultarão numa operação melhor”, resume o presidente da Associação Brasileira da Indústria de Hotéis de Pernambuco (Abih-PE), Artur Maroja.

FALHAS

Os problemas do Centro de Convenções vão das goteiras no teto da área do pavilhão de feiras ao acesso para cadeirantes, passando por outros como mosquitos, estacionamento, etc. “Atualmente, as muriçocas são uma questão de saúde pública”, explicou a diretora regional da União Brasileira dos Promotores de Feira (Ubrafe-NE), Tatiane Menezes. “Os banheiros também são um problema sério”, contou.

Os promotores de feira também reclamam muito das condições das instalações elétricas e hidráulicas do equipamento que costumam dar problemas na montagem de grandes eventos. Até a gestão da pauta foi citada como uma das melhorias a serem implantadas pelo Cecon-PE no documento entregue pelo trade turístico ao secretário estadual de Turismo, Esportes e Lazer, Felipe Carreras. A otimização das datas poderia atrair mais eventos para o Estado, segundo Tatiana.

O estacionamento do Cecon-PE é operado por uma empresa da iniciativa privada, mas há muitos problemas em eventos grandes, como por exemplo a Feira Nacional do Artesanato (Fennearte). Atualmente, também é impossível um cadeirante ir do estacionamento ao teatro, porque não existem acessos adequados. Ainda de acordo com alguns expositores, há problemas com segurança que também deve ser melhorada.

“A agenda da reunião com Carreras foi extremamente positiva. Todas as entidades se fizeram presentes e deram suas sugestões sobre as melhorias que precisam ser feitas no Centro de Convenções, equipamento tão importante para o nosso setor. Já há uma nova reunião marcada para daqui a 15 dias. Esse é um sinal muito positivo”, destacou a vice-presidente da secção pernambucana da Associação Brasileira de Agência de Viagens (Abav-PE), Fátima Bezerra. 

As entidades que assinaram o documento foram: o Recife Convention Bureau, a Associação Brasileira da Indústria de Hotéis em Pernambuco (ABIH-PE), a regional da Abav-PE, a regional da Ubrafe, a Associação Brasileira de Bares e Restaurantes de Pernambuco (Abrasel-PE) e a Associação Brasileira dos Promotores de Eventos (Abeoc-PE). Cada uma delas também enviou um representante para participar da reunião com o secretário. No documento, eles citaram pelo menos quatro melhorias que deveriam ter alta prioridade (ver quadro ao lado). 

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