CONCURSO

Quanto custa ser uma miss?

Em Pernambuco, o ano de reinado pode custar cerca de R$ 100 mil por concorrente

editoria de Economia
Cadastrado por
editoria de Economia
Publicado em 28/05/2017 às 12:24
Foto: Acervo
Em Pernambuco, o ano de reinado pode custar cerca de R$ 100 mil por concorrente - FOTO: Foto: Acervo
Leitura:

Concursos de beleza, por mais anacrônicos que possam parecer, ainda são um bom negócio em 2017. As competições movimentam cifras altas, na casa dos bilhões de dólares. Em Pernambuco, o ano de reinado da beleza pode custar até R$ 100 mil por modelo, entre custos com cirurgias plásticas, roupas e procedimentos estéticos. Ser miss ainda importa. E rende muito.


Em 2016 a coroa de Miss Pernambuco ficou com a estudante Tallita Martins (21), natural do município de Serra Talhada, Sertão do Estado. Depois de vencer a disputa municipal, os próximos passos para a conquista do título exigiram uma preparação intensa, que envolveu, além da mudança para o Recife, um gasto de quase R$ 50 mil. “Precisei comprar roupas, mudar meu visual, fazer tratamentos estéticos, deixar minha família. Não é fácil”, conta ela.

Para participar do concurso nacional, no qual ficou entre as 15 finalistas, ela desembolsou mais R$ 20 mil apenas para o pagamento da inscrição. Multiplicando esse valor, pago obrigatoriamente por todas as participantes do concurso, a organização do Miss Brasil fatura R$ 540 mil apenas com a taxa de participação paga pelas representantes dos 26 Estados e do Distrito Federal. Só para organizar o Miss Pernambuco são gastos cerca de R$ 180 mil.

“Cada Estado tem um franqueado que coordena a competição. Buscamos patrocinadores que viabilizem a realização do evento em troca da imagem. Trabalhamos com empresas de todo tipo, das tradicionais, ligadas ao universo da beleza, como lojas de roupas e marcas de cosméticos, até redes de hotéis e buffets”, relata o coordenador do Miss Pernambuco há 30 anos, Miguel Braga. Segundo ele, as três únicas regras para a participação nas competições de misses são: não ser casada, ser maior de idade e não ter filho, exigências mantidas desde o início do concurso de Miss Universo, em 1952.

“Essas são as normas explícitas. Mas antes de começar a sonhar com o título é preciso procurar orientação. A produção conversa com cada uma delas e analisa o que será necessário fazer e mudar, quais habilidades melhorar e quais defeitos corrigir”, afirma o coordenador do concurso. Ele conta que o custo para preparar uma modelo para as competições pode ser de até R$ 100 mil. “Vai de acordo com a mulher e o que ela precisa”, sentencia.

Na última sexta (26), a representante de Tamandaré, Iully Thaísa, foi eleita a Miss Pernambuco 2017.

Indústria bilionária

Para dimensionar o montante que essas competições conseguem movimentar, a empresa que coordena o Miss Universo, a The Miss Universe Organization, controlada pelo presidente americano Donald Trump até 2015, tem valor estimado entre 5 e 25 milhões de dólares, conforme informou a declaração de bens do empresário. Trump se desfez do negócio quando se tornou candidato à Casa Branca, já que o empreendimento era visto como “pouco presidenciável” por sua assessoria. Mas, nos Estados Unidos, o concurso movimenta US$ 5 bilhões. A cada ano, aproximadamente 1 bilhão de pessoas assistem a final do show.

A Venezuela é considerada como a superpotência dessa indústria e lá o concurso de misses é o evento mais caro e assistido do país.
Em 55 anos de Miss Universo, o país foi finalista 22 vezes e detém o recorde de títulos: 4 Misses Universo, 5 Misses Mundo e 5 Misses Beleza internacional. O show é o terceiro programa internacional mais visto, perdendo apenas para a final da Copa do Mundo e a abertura dos Jogos Olímpicos. Mas além da fama instantânea e do título de mulher mais bonita do lugar onde nasceu, quanto ganha uma miss? O coordenador estadual do concurso Miguel Braga explica que as misses não possuem um salário fixo, mas sim uma remuneração que varia conforme os trabalhos publicitários feitos.

“Elas ganham cachê para aparecer em eventos e o título rende visibilidade, convites para estrelar campanhas publicitárias. Elas também ganham muitas coisas. Um sapato ganho já é um sapato que ela deixa de comprar”, pontua. A Miss Pernambuco 2016 Talitta Martins não sabe precisar quando faturava mensalmente, mas conta que recebia, em média, R$ 2 mil. “Mas a gente ganha muita coisa, conhece gente, faz vários trabalhos. Varia muito da época também”, diz. As aparições públicas, uma das principais tarefas de uma miss, ampliam a rede de networking das modelos, vantagem que a Miss Pernambuco considera como a maior das que o título trouxe. Ela, que passou a coroa na última sexta (26), diz que o reinado trouxe a chance de fazer as conexões certas que definirão seu futuro. “Esse foi o meu maior ganho”, afirma.

 

Últimas notícias