artes plásticas

Brasília nas cores e nas formas de Marianne Peretti

Obras primas da artista franco-pernambucana estão espalhadas pela Capital Federal

Marcelo Pereira
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Marcelo Pereira
Publicado em 26/06/2016 às 9:19
Breno Laprovítera e Jarbas Júnior/Divulgação
FOTO: Breno Laprovítera e Jarbas Júnior/Divulgação
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A liberdade é a experessão mais marcante e nobre da obra da franco-pernambucana Marianne Peretti, a única mulher a integrar a equipe de notáveis artistas convocados pelo arquiteto Oscar Niemeyer para participar do ambicioso projeto da construção de Brasília. Seu traço fluido, orgânico e expressionista, o jogo ora colorido e contrastante ora monocromático de suas obras, sempre repletas de significados a serem descobertos encantam os olhos de quem vê.

São obras inconfundíveis. Mas, infelizmente, guardam um paradoxo: a assinatura da Marianne Peretti pode parecer despercebida para quem não a conhece, por causa se não do descaso, da falta de zelo com a artista e com a própria memória brasileira.

Um passeio pela Brasília de Marianne Peretti é, hoje um roteiro para iniciados. Não há um programa oficial ou de uma operadora turística que leve o visitante, seja morador da cidade ou turista, a uma visita guiada  pelas obras da artista espalhadas pela Capital Federal.

"Obra-prima do vitral do Século XX", na definição de Véronique David, do Centro André Chastel, da Sorbonne de Paris, o vitral celestial, com suas ondas siderais em azul, branco e verde da Catedral de Brasília é a mas monumental de todas. Integrado à estrutura arquitetônica e síntese das artes, o trabalho de Marianne resolveu ainda o problema de climatização do espaço que havia anteriormentel, com o dorsel de vidro transparente que superaquecia o ambiente. Para aceitar a encomenda, Marianne exigiu de Niemeyer que pintasse as colunas em arco de branco, O resultado o deixou maravilhado. O arquiteto comparou "os vitrais maravilhosos (....), pelo seu valor e esforço físico, às monumentais obra da Renascença".

Breno Laprovítera e Jarbas Júnior/Divulgação
Fotos da obra de Marianne Peretti por Breno Laprovítera e Jarbas Júnior - Breno Laprovítera e Jarbas Júnior/Divulgação
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Fotos da obra de Marianne Peretti por Breno Laprovítera e Jarbas Júnior - Breno Laprovítera e Jarbas Júnior/Divulgação
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Fotos da obra de Marianne Peretti por Breno Laprovítera e Jarbas Júnior - Breno Laprovítera e Jarbas Júnior/Divulgação
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Fotos da obra de Marianne Peretti por Breno Laprovítera e Jarbas Júnior - Breno Laprovítera e Jarbas Júnior/Divulgação
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Breno Laprovítera e Jarbas Júnior/Divulgação
Fotos da obra de Marianne Peretti por Breno Laprovítera e Jarbas Júnior - Breno Laprovítera e Jarbas Júnior/Divulgação
Breno Laprovítera e Jarbas Júnior/Divulgação
Fotos da obra de Marianne Peretti por Breno Laprovítera e Jarbas Júnior - Breno Laprovítera e Jarbas Júnior/Divulgação

Niemeyer também desafiou Marianne a fazer um vitral para o palácio do Superior Tribunal de Justiça (STJ). Mas ela não aceitou. Sua contrapoposta foi criar "um bosque de colunas livres" intercaladas com vidro fumê, que oferece um interessante jogo de claro-escuro, que batizou A Floresta Imaginária. Para o plenário, ela fez a Mão de Deus, que representa a generosidade (da mão aberta) e o rigor (do olho) sob o céu da liberdade (vitral azul).

A genialidade e inquietação de Marianne a leva a buscar novas formas de realizar vitrais. No painel do Centro Espirita Rema, por exemplo, ela tira partido da projeção de um jogo de luz sobre um painel de  vidro curvo jateado, com uma estrutura escultórica de metal, ao invés de se valer dos tradicionais pedaços de vidros coloridos.

O maior conjunto de obras de Marianne em Brasília se encontra no Congresso Nacional, onde ocorreu o maior descaso também. O painel Alumbramento, que ficava no Senado, foi encontrado sem estar inventariado, encaixotado, num porão, e remontado pela equipe do projeto Documento Marianne Peretti, liderada pelos produtores Tactiana Braga e Laurindo Pontes, que inventaria o seu acervo. Característica marcante na obra de Marianne, os vitrais de vidros jateados e placas superpostas presas por pinos de metal do Salão Verde (Araguaia) e do Salão Nobre (Paisagem e Pasiphae) também cumprem a funcionalidade de separar com harmonia os ambientes, mantendo-os integrados. Marianne também tem vitrais em uma capela do anexo IV da Câmara Federal e

As obras de Marianne Peretti estão presentes ainda  no Palácio do Jaburu, residência oficial do vice-presidente, onde há dois vitrais, sendo um deles o da pequena capela;no Teatro Nacional (a famosa escultura O Pássaro, alegoria à liberdade criativa e das manifestações artísticas), no Memorial JC (onde está o belo vitral A Alma de JK, injustificadamente não creditado no cartão-postal à venda no local), no Panteão da Pátria (um mapa estilizado do Brasil, tendo a sua frente o Pássaro da Liberdade espreitando o Palácio do Planalto).

O Projeto Documento Marianne Peretti promoveu também a exposição A Arte Monumental de Marianne Peretti, no Museu da República, cujo encerramento ocorre neste domingo (dia 26/6) e que já foi vista por mais de 70 mil pessoas. O painel Alumbramento e a escultura Árvore da Vida, em metal, além de uma réplica do projeto do projeto do vitral da Catedral de Brasília estão entre os destaques da mostra, que reúne ainda várias obras em menores formatos e maquetes  da artista.

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