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Morre o escritor Philip Roth, aos 85 anos, nos EUA

Philip Roth foi várias vezes lembrado para ganhar o Prêmio Nobel de Literatura

JC Online
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Publicado em 23/05/2018 às 1:33
Foto: JIM WATSON / AFP
Philip Roth foi várias vezes lembrado para ganhar o Prêmio Nobel de Literatura - FOTO: Foto: JIM WATSON / AFP
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Eterno candidato ao Prêmio Nobel de Literatura, o escritor norte-americano Philip Roth morreu aos 85 anos nesta madrugada de quarta-feira sem ter recebido a maior láurea de sua carreira, cercado do carinho de velhos amigos, segundo informou no Twitter seu biográfo Blake Bailey. Considerado um dos maiores cronistas da política americana, do judaísmo e do desejo sexual masculino, deixou obras como Complexo de Portnoy (1969), a obra que o colocou no pedestal dos grandes romancistas do século 20 e Pastoral Americana (1998), que lhe valeu o Prêmio Pulitzer de Ficção.

Dono de um estilo realista e direto e adotava um humor ferino em suas obras, Roth era ateu e se considerava antirreligioso. Estreou na literatura com o volume de contos Adeus, Columbia (1959) pelo qual recebeu o National Book Award. O sucesso veio em igual medida com a controvérsia com a comunidade judaica, onde foi considerado por alguns de anti-semita e de judeu auto-odiador. Em Adeus Columbia, o escritor "seguiu a sorte dos judeus americanos de classe média presos entre os velhos e os novos, negociando as fronteiras entre assimilação e diferenciação no subúrbio", apontou o jornal britânico The Guardian.

ALTER EGO

Seu principal personagem é o alter-ego Nathan Zuckerman, protagonista de diversos de seus livros. Protagonista de My Life as a Man, ele teria nascido no mesmo ano que Roth, e assim como ele em Nova Jersey, filho de uma família judia, ganhando notoriedade com um monólogo contando sua vida sexual. "Através de Zuckerman, Roth lutou com os problemas da fama, literatura e sua identidade judaica em uma sequência de cinco romances, de 'The Ghost Writer' de 1979 a 'The Counterlife' de 1986, que ligou a vida de sua criação fictícia ao de seu criador", ressaltou o The Guardian.

Em O Complexo de Portnoy, Roth cria um personagem oprimido pela criação judaica que nas conversas com o seu psicanalista supera o seu trauma de criança e adolescente que tinha no ato regular da masturbação a forma imediata de buscar algum a sublimação do prazer oprimido pela sufocante presença materna. Beirando o pornográfico, com humor e muita ironia, Alexandre Portnoy revê o passado e sua relação conflituosa com a mãe (com boa dose de Complexo de Édipo) enquanto adulto ele passa a ter relações com mulheres as mais diversas - menos com as judias, por serem familiares demais, como ressalta Winter Bastos, do site Homo Literatus. Por estar em sessões de terapia, Roth permite que o seu personagens faça inúmeras - algumas hilariantes e patéticas - digressões.

Roth ultimamente vinha se dedicando a sua biografia, que está sendo escrita por Blake Bailey. Ele renunciou à carreira de escritor em 2010, após a publicação de Nêmesis, deixando cerca de 30 obras, mais de 15 delas publicadas em português. Na relação, estão ainda Casei com um Comunista, Teatro de Sabath, Complô contra a América, Professor do Desejo e Avesso da Vida

Único autor americano a ter suas obras completas publicadas em vida pela Library of America, que tem como missão editorial preservar as obras consideradas como parte da herança cultural americana, Roth soma em seu currículo o Prêmio Internacional Man Booker (2011) e o Prêmio Príncipe das Astúrias de Literatura (2012), entre outros.

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