Manifesto

Manoel Quitério leva sua arte para a rua e modifica paisagem urbana

Artista plástico finaliza maior mural em pintura no Estado, localizado em conjunto habitacional

Márcio Bastos
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Márcio Bastos
Publicado em 25/06/2016 às 16:00
Foto: Sérgio Bernardo/JC Imagem
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Observar a cidade como um organismo vivo, passível de transformação e resultado das ações que nela vivem. É assim que opera o artista plástico Manoel Quitério, que nos últimos anos vem desenvolvendo um trabalho de intervenções em centros urbanos, utilizando suas pinturas como instrumento de sublimação e mudança social. Entre as ações que executa, uma tem contornos particularmente grandiosos: seis murais no residencial Travessa do Gusmão, conjunto habitacional da Prefeitura do Recife no bairro de São José, que em breve será o lar de 160 famílias retiradas de palafitas. 

O convite para participar do projeto, feito pela Secretaria de Planejamento, surgiu de última hora, há cerca de uma semana e meia e Manoel foi logo a campo. Conversou com os futuros moradores, trocou experiências, buscou entender os desejos das famílias. Para ele, é essencial que a arte reflita o espírito de quem vai viver ali. Os resultados já começam a aparecer e a resposta dos residentes têm sido positivas. 

“As pessoas já passam por aqui, dizem que está bonito, ou só param e olham. Isso é muito massa, essa relação que as pessoas vão criando com a obra de arte, especialmente aquelas que foram privadas do acesso à arte por tanto tempo”, enfatiza. 

Na lateral de seis prédios do conjunto habitacional – os que dão para a Travessa do Gusmão – pintou murais de doze metros de altura por seis de largura, os maiores do Estado em pintura. São representações de uma sociedade plural, com representações de negros, brancos, índios, travestis. Todos fugindo do imagético estereotipado, reflexos das investigações estéticas de Quitério. A execução do trabalho contou com a ajuda de outros três artistas, a colombiana Diana Giraldo, Artur Rocha e Ricardo Batista. 

As pinturas são marcadas por cores fortes, particularmente o azul que serve de fundo para todas elas, e contrastam com o cinza do entorno. Com os murais, o residencial funcional como uma espécie de trincheira de resistência em resposta ao abandono histórico da área central do Recife. 

A rua é arte

Há cerca de três anos, Manoel tem feito intervenções artísticas ao redor da Região Metropolitana do Recife, com pinturas dos barcos que circulam o Marco Zero, muros e também troncos de árvores cortadas, em um trabalho de guerrilha contr a negligência do poder público e da sociedade com o espaço coletivo. 

Suas ações, no entanto, não se resumem ao Estado. Em Paris e em Istambul também é possível encontrar obras de Manoel espalhadas pela rua. Essa ânsia por aproximar a população de suas inquietações artísticas e políticas têm ganhado um papel cada vez maior na arte de Quitério.

Foto: Sérgio Bernardo/JC Imagem
Residencial que será ocupado por 160 famílias ganha painéis do artista plástico Manoel Quitério - Foto: Sérgio Bernardo/JC Imagem
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Residencial que será ocupado por 160 famílias ganha painéis do artista plástico Manoel Quitério - Foto: Sérgio Bernardo/JC Imagem
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Residencial que será ocupado por 160 famílias ganha painéis do artista plástico Manoel Quitério - Foto: Sérgio Bernardo/JC Imagem
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Residencial que será ocupado por 160 famílias ganha painéis do artista plástico Manoel Quitério - Foto: Sérgio Bernardo/JC Imagem
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Residencial que será ocupado por 160 famílias ganha painéis do artista plástico Manoel Quitério - Foto: Sérgio Bernardo/JC Imagem
Foto: Sérgio Bernardo/JC Imagem
Residencial que será ocupado por 160 famílias ganha painéis do artista plástico Manoel Quitério - Foto: Sérgio Bernardo/JC Imagem

 

Na última semana, ele e um grupo de artistas locais, como Raul Córdula, Amélia Couto e Raoni Assis, lançaram o movimento Brigada da Hora, inspirado na Brigada Portinari, que tem como base a ideia de que a arte precisa sair às vias urbanas e reclamar seu papel revolucionário. 

“É importante para mim levar minha arte para lugares que são privados desse acesso. Dizer algo com o que pinto, me comunicar. É uma forma de contribuir e de observar a arte como instrumento de mudança social”, reforça o artista. 

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