Humor

Nomes de peso do stand-up pernambucano se encontram no Teatro RioMar

Show Stand-Up Pernambuco II - O Retorno neste sábado (23) prova que o gênero tem força no Estado

Robson Gomes
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Robson Gomes
Publicado em 23/07/2016 às 5:00
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FOTO: Diego Nigro/JC Imagem
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Pegue um comediante e jogue-o em um palco de teatro ou até mesmo de uma churrascaria. Agora tire dele o texto de um autor, a direção de um diretor, um figurino pomposo e qualquer tipo de maquiagem mais marcante. Sem qualquer personagem, deixe-o apenas com um microfone, um pedestal e um holofote. Com esses três elementos, um amontoado de piadas autorais na cabeça e uma análise peculiar do cotidiano, assim se forma um humorista de stand-up comedy, modalidade americana de humor que conquista o País e, embora poucos saibam, tem Pernambuco com um dos polos mais fortes do gênero.



Para se ter uma ideia da potência pernambucana, os melhores comediantes do estilo encontram-se neste sábado (23), no Teatro RioMar, com o show Stand-Up Pernambuco II – O Retorno. No palco do mall no bairro do Pina, Ben Ludmer, Rodrigo Marques, Alyson Vilela, Renato Bartolomeu, Rubens Santos, Gustavo Pardal e Kedny Silva serão os humoristas conterrâneos que comandarão a segunda edição do espetáculo, que teve duas sessões em janeiro deste ano no mesmo local.

A história do stand-up comedy no Estado tem o humorista Murilo Gun como um dos pioneiros. Em seguida, vieram nomes como Bruno Romano, Ben Ludmer, Alyson Vilela, Nil Agra e Rodrigo Marques em meados de 2008. “O meu pai era ator, diretor e roteirista de teatro, sempre viveu disso. Conheci o stand-up durante o meu curso de jornalismo através de Murilo Gun”, explica Rodrigo, um dos apresentadores do programa semanal A Culpa é do Cabral, do canal fechado Comedy Central, e será o MC (mestre de cerimônias) do evento de logo mais.

Já para Ben Ludmer, que morou em Iowa, nos Estados Unidos, a mágica veio antes de descobrir a comédia em pé. “Sou mágico desde os três anos. Mas percebi que, para ganhar a plateia, tinha de ser engraçado nos eventos. Foi em Iowa que descobri o stand-up. Quando voltei para o Brasil, assisti a shows do Clube da Comédia, no Rio de Janeiro, um dos primeiros grupos do gênero do País. Fiz stand-up sem mágica durante um bom tempo para aprender. Hoje, mesclo os dois em meu show”, explicou.

Os comediantes, e também irmãos, Gustavo Pardal e Renato Bartolomeu explicam a diferença da comédia em pé para os outros tipos de humor. “Ele é completamente autoral. Você não conta piadas de autores desconhecidos, conta coisas do cotidiano. Se alguém não rir, ele não vai rir de você”, coloca Bartolomeu.

Pardal reforça os desafios: “Fazer qualquer tipo de humor é difícil. Não é como o músico, que sobe ao palco com o repertório pronto e banda afinada. Temos o desafio de fazer as pessoas rirem. Ao mesmo tempo, você sabe se está agradando ou não. Tem piadas que você faz num lugar e não faz no outro. Tem que ter sensibilidade e jogo de cintura no palco”.

Morando hoje na Paraíba, Alyson Vilela - um dos pioneiros no Recife - coloca que o stand-up acaba sendo a modalidade teatral mais democrática de fazer humor: “O stand-up, por ser um formato mais simples, é mais aberto a oportunidades através dos momentos de open-mic (termo que significa microfone aberto, em inglês, e identifica a parte em que um comediante novato se apresenta). E essa democratização dos palcos ajuda a formar grandes humoristas”, afirmou.

Kedny Silva, que já participou dos grupos pernambucanos Os Ideais da Comédia e Os Insanos, afirma que, mesmo com grandes nomes em Pernambuco, o gênero ainda não tem o devido valor no Estado: “O humor de fora ainda engatinha em relação aos comediantes pernambucanos. Tem humorista de fora que vem pra cá e lota teatros, mas não é tão bom quanto o povo daqui. O povo acaba valorizando mais o que vem fora”, lamenta.

Sucesso com o personagem Solivaldo Marley, do Papeiro da Cinderela na TV Jornal/SBT, Rubens Santos também se apresenta de cara limpa e, assim como os outros comediantes de hoje, procura trazer em seus shows a sua visão do cotidiano, fazendo piadas até com sua vida pessoal. Ele reforça o crescimento do stand-up comedy por aqui: “Pernambuco só perde para São Paulo e Curitiba nessa modalidade. Temos dezenas de profissionais atuantes e alguns iniciantes. É uma área que segue crescendo muito, e a ideia é investir pesado nisso pra poder colocar o stand-up na agenda do grande público”, defendeu.

Se apenas um microfone ligado é capaz de levar a plateia às gargalhadas, o público pernambucano precisa saber que não é somente fora do Estado que se encontram humoristas de peso e qualidade. E isso não é piada.

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Renato Bartolomeu tem 28 anos, e 8 de humor. Em seus shows, gosta muito de falar sobre o Recife. - Diego Nigro/JC Imagem
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Gustavo Pardal tem 29 anos, e 8 de humor. Tem o personagem Chaves como grande inspiração. - Diego Nigro/JC Imagem
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Rubens Santos tem 31 anos e 10 de humor. Também faz sucesso no Papeiro da Cinderela, da TV Jornal. - Diego Nigro/JC Imagem
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Ben Ludmer tem 31 anos. Um dos pioneiros do stand-up no Estado junto com Murilo Gun e Bruno Romano. - Diego Nigro/JC Imagem
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Renato, Ben, Gustavo e Rubens se juntam a Rodrigo Marques, Alyson Vilela e Kedny Silva no RioMar. - Diego Nigro/JC Imagem
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O show Stand-Up Pernambuco II - O Retorno reúne os maiores nomes do gênero neste sábado. - Diego Nigro/JC Imagem

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