Seis boletins de ocorrência registrados no Departamento de Polícia da Criança e do Adolescente (DPCA) e na Delegacia da Mulher evidenciam um histórico de violência doméstica envolvendo o garçom de 27 anos assassinado a facadas pela esposa nesta quinta-feira (27) em Nova Descoberta, Zona Norte de capital. O homem foi morto após morder e arrancar parte da genitália do filho de apenas dois anos e já tinha passagem pelo crime de agressão ao menino.
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“Ele agredia o pai e os irmãos também. Com ela (esposa), durante os cinco anos de casamento, sempre foi assim. Ele já quebrou a perna, o braço e o nariz dela. Batia até quando estava grávida”, contou uma vizinha, que não quis se identificar. “Sempre achamos que ia terminar em tragédia, mas pela violência dele pensávamos que ela seria a vítima”, completou.
A moradora estava acordada e ouviu os gritos vindos da casa próxima. “Durante a madrugada, ele começou a clamar por Deus. Às 4h, ele começou a gritar dizendo que o diabo estava mandando ele comer o filho. A mãe ficou desesperada, pedindo ajuda aos vizinhos.” Em seguida, a esposa deixou a casa e teria pedido a outra filha do casal, de 3 anos, para que buscasse o telefone para acionar a polícia.
“Ela mesma chamou a PM, isso eliminou o flagrante”, explicou a delegada responsável pelo caso, Genezil Coelho, da Central de Flagrantes, em Campo Grande, Zona Norte da capital. A vendedora e a filha de 12 anos foram ouvidas nesta quinta na unidade e liberadas em seguida. A suspeita responderá por homicídio em liberdade.
No momento do crime, estavam na casa duas filhas da mulher (de 10 e 12 anos) de outro casamento, além de dois filhos do casal (de 2 e 3 anos). A mulher está grávida de cinco meses.
Segundo a polícia, o menino de 2 anos dormia na cama com os pais quando tudo aconteceu. A mãe da criança afirmou ter usado uma faca para fazer o homem parar e, mesmo após alguns golpes, ele continuou a agressão ao filho. Um inquérito foi instaurado para investigar o caso, que não teria conotação sexual. É possível que as autoridades interpretem o ato da mãe como legítima defesa.
DPCA
Entre os seis boletins de ocorrência registrados contra o pai está uma denúncia de agressão ao mesmo menino que teve parte dos testículos mutilada. A criança foi encaminhada ao Hospital da Restauração (HR), na área central do Recife, e passou por uma cirurgia vascular para reconstruir o pênis e o saco escrotal. O procedimento durou cerca de duas horas e, segundo a assessoria de imprensa da unidade, os médicos obtiveram sucesso na reparação. Até o fim da tarde desta quinta (27), o quadro do menino permanecia estável.
Por recomendação do Ministério Público de Pernambuco (MPPE), o JC não divulgará os nomes dos envolvidos.