ATUALIZADA ÀS 19h09
Integrantes da Troça Empatando Tua Vista recuperaram na tarde deste domingo (26) as fantasias apreendidas no sábado (25) pela Polícia Militar. O grupo, já bastante conhecido do Carnaval do Recife, faz uma crítica à especulação imobiliária e aos governos do PSB, à frente da Prefeitura do Recife e do Governo de Pernambuco. A interferência da PM ganhou repercussão nas redes sociais através de um vídeo que mostra policiais entrando no prédio de um dos integrantes para recolher o material.
Leia Também
Segundo uma das integrantes da troça, a retirada do material de um dos galpões da Diretoria de Controle Urbano (Dircon) foi tranquila. "A Troça não usa carro de som, mega-fone, nada que necessitasse de uma autorização prévia para circular e justificasse a apreensão", disse a arquiteta Nadja Granja, membro do Instituto dos Arquitetos do Brasil em Pernambuco (IAB-PE). A entidade emitiu uma nota pública de repúdio ao acontecido. "A ação comentada contradiz o estado de direito, restringe as liberdades individuais e o direito de manifestação pública e remete à memória e aos tempos obscuros da ditadura", diz o texto.
Segundo a assessoria de comunicação da Secretaria de Controle Urbano, responsável pela Dircon, a apreensão não foi uma iniciativa do órgão, que apenas cedeu o galpão para que o material fosse depositado pela PM.
Mais cedo, em entrevista à Rádio Jornal, o prefeito do Recife, Geraldo Julio (PSB), comentou a apreensão do material da troça. "Não sei exatamente o que aconteceu nesse caso, mas acredito que foi mais uma ação de controle urbano".
Ouça a entrevista completa:
INVESTIGAÇÃO
O caso está sendo investigado pela Corregedoria da Secretaria de Defesa Social (SDS). Em nota, a secretaria afirma que a iniciativa não teve o conhecimento do comando da corporação e nem do batalhão responsável pela área. O documento também destaca que "a PM atua no escrito cumprimento das leis e na garantia da ordem, sem jamais interferir na livre manifestação partidária, quaisquer que sejam seus posicionamentos e orientações político-partidárias".
PARÓDIA
A repercussão da apreensão nas redes sociais foi tanta que uma paródia do poema "E Agora José?", de Carlos Drummond de Andrade, foi feita para ironizar o ocorrido. Um dos versos diz: E agora, José? O galo acabou, o dia passou, o povo lhe viu e o povo filmou. E agora, José? Que estava sem nome, desembarcou bem rápido, tentaram fugir mas você foi à forra. E agora, José? Tomando objetos do cidadão que protesta contra a insegurança, um governo despótico. Já não podem falar, protestar já não podem. Ditadura voltou e o povo não viu... Ao final da versão, é dito: Você é burro, José.
Confira a íntegra da paródia.