Solidariedade

'Dou gentileza para receber de volta', diz cobrador que cedeu lugar a deficiente em ônibus

'Não deveria ser surpresa pra ninguém um ato desse'

Júlio Cirne
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Júlio Cirne
Publicado em 15/06/2016 às 12:06
Foto: Jeferson Calixto/Cortesia
'Não deveria ser surpresa pra ninguém um ato desse' - FOTO: Foto: Jeferson Calixto/Cortesia
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O JC Trânsito conversou, na manhã desta quarta-feira (15), com o cobrador Felipe Souza, 24 anos, que ficou conhecido após a repercussão nas redes sociais do ato de solidariedade, quando cedeu seu lugar de trabalho para que uma deficiente física não viajasse em pé no ônibus. Felipe falou sobre o trabalho, educação dos passageiros e solidariedade e respeito ao próximo: "Dou gentileza para receber de volta", disse o cobrador.

Felipe é um rapaz muito tímido e que trabalha como cobrador na linha Caetés I/TI pelópidas há cerca de dois anos. Ele explicou que a foto com o relato que viralizou nas redes sociais nessa terça-feira (14) foi feita no mês de abril. "Eu fiquei muito impressionado com essa repercussão porque já fazia muito tempo". 

Além disso, Felipe também ficou espantando que o assunto tenha gerado tanta repercussão: "Para mim isso é uma coisa normal, que eu faço todos os dias. Não deveria ser surpresa pra ninguém um ato desse... um gesto assim é algo que todo mundo deveria ter a obrigação de fazer". Felipe deu seu lugar à passageira porque todos os assentos preferenciais já estavam ocupados por idosos e outras pessoas com deficiência. 

O cobrador também explicou que busca tratar todos os passageiros bem, para que haja um boa convivência no transporte coletivo: "Às vezes a pessoa está estressada por alguma razão e qualquer besteira é motivo se irritar, para xingar o cobrador e o motorista. Eu dou gentileza para receber o mesmo de volta".

Quem fez a foto do momento em que Felipe cede a cadeira de cobrador à passageira com deficiência foi o auxiliar de serviços gerais Jeferson Calixto, 45 anos. "Ele é uma pessoa muito gente boa. Junto com o motorista que trabalha com ele aqui, todo mundo gosta deles na localidade. Fiquei emocionado com aquela atitude e perguntei se poderia tirar uma foto", disse Jeferson. 

Já o motorista Wellington Leopoldo, 33 anos de idade e que trabalha com Felipe, confirma que o jovem está sempre disposto a ajudar os passageiros: "Não é a primeira vez que acontece isso. Ele sempre dá o lugar para idoso, gestante, pessoas com criança pequena. Ele consegue dar um jeito, coloca a pessoa na cadeira e fica trabalhando em pé, pegando o dinheiro e passando o troco". 

Wellington também reclama da falta de educação de alguns passageiros: "Eu entendo que as pessoas estejam estressadas. O trânsito irrita, a falta de conforto também irrita, mas temos que nos tratar bem. Não adianta descontar isso no motorista e no cobrador", disse o motorista da linha. 

Meio acanhado, Felipe ainda não está sabendo lidar com a fama repentina. "Fica todo muno perguntando e eu digo: 'Oxe! Isso é normal', mas aí todo mundo comenta de novo". O cobrador contou também que, como forma de reconhecimento, a empresa Itamaracá Transportes o presenteou com um jantar especial, com direito a acompanhante.

O motorista Wellington, o cobrador Felipe e o passageiro Jeferson conversaram sobre gentileza no transporte

Em fevereiro deste ano, uma atitude semelhante também teve bastante repercussão nas redes sociais. O condutor parou um ônibus da linha Rio Doce/CDU e disse que, se ninguém cedesse o lugar ao deficiente visual que embarcou no veículo, era ele (o deficiente) quem ia dirigir

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