CIBERCRIME

'Baleia Azul é uma forma de banalizar a violência', diz especialista

Pesquisador da área de dependências tecnológicas alerta que atividades como Baleia Azul não deveriam ser consideradas um jogo

Da editoria de Cidades
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Publicado em 18/04/2017 às 12:58
Tato Rocha/JC Imagem
Pesquisador da área de dependências tecnológicas alerta que atividades como Baleia Azul não deveriam ser consideradas um jogo - FOTO: Tato Rocha/JC Imagem
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Atividade praticada em comunidades fechadas nas redes sociais, Baleia Azul (que ficou popularmente conhecida como um jogo) leva a polícia a investigar essa prática, que pode estimular a automutilação e provocar comportamentos suicidas, especialmente entre adolescentes. O psicólogo Igor Lins Lemos, pesquisador da área de dependências tecnológicas, destaca que atividades virtuais desse tipo deveriam ser censuradas. “Para quem tem algum tipo de transtorno mental, isso é um campo aberto para ocorrência de problemas. Baleia Azul é uma forma de se banalizar a violência”, alerta Igor, que é mestre e doutor em Neuropsiquiatria e Ciências do Comportamento pela Universidade Federal de Pernambuco (UFPE).

O especialista reforça que esse tipo de prática não deve ser caracterizada como jogo. “É incorreto a forma de denominar esse tipo de estratégia sádica que colocaram na internet. Jogo é tudo aquilo que tem um caráter lúdico, de entretenimento, de conquistas. E mesmo esse tipo de atividade, que se apresenta com um tipo de passo a passo do que deve ser feito em níveis, pode ser tudo, menos um jogo”, explica o psicólogo.

Apesar de não ter acessado o Baleia Azul, o psicólogo tem se preocupado com estratégias que levam pessoas, especialmente aquelas emocionalmente mais vulneráveis por apresentarem algum transtorno psiquiátrico, a praticarem autolesões. Para esse grupo de pacientes, atividades desse tipo podem influenciar a ocorrência de comportamento suicida. “A intenção do ‘jogo’ é estimular algo problemático, quase como um tipo de desafio para quem está seguindo as regras. E como as pessoas são estimuladas a fazer algo mais difícil, elas se sentem pertencentes a um grupo. Para quem tem grande dificuldade na relação interpessoal e não tem rede de apoio, a internet é um ‘local’ susceptível a tragédias”, alerta Igor Lins Lemos.

PREVENÇÃO

Como forma preventiva, o especialista sugere que a família converse sempre com as crianças e os adolescentes. “Indico o controle parental (uso de programas ou vigilância para monitorar e seguir as atividades online nessa faixa etária) para que os pais tenham ideia do que os filhos visualizam e fazem na internet, além de ter acesso ao histórico (de pesquisas feitas na web). É preciso também conversar sobre o assunto.”

O depoimento do psicólogo reforça o alerta da Polícia Federal, que orienta a importância de os pais atraírem a confiança dos filhos através do diálogo franco e aberto sem repressão, a fim de que a criança ou o adolescente possa, diante do primeiro sinal de perigo, sentir-se à vontade e procurar a ajuda da família, confidenciando possíveis problemas. A polícia ainda reforça que os pais devem ficar atentos a comportamento estranhos dos filhos, como isolamento, tristeza e quadros depressivos.

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