Entrevista

"Eu tenho pena do rapaz que fez isso", diz pai do militar morto por colega de trabalho

Aposentado diz acreditar que a vida não se encerra aqui e que ainda vai reencontrar seu filho

Margarette Andrea
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Margarette Andrea
Publicado em 01/09/2015 às 6:07
Foto: Fernando da Hora/JC Imagem
Aposentado diz acreditar que a vida não se encerra aqui e que ainda vai reencontrar seu filho - FOTO: Foto: Fernando da Hora/JC Imagem
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De olhar sereno e amparado pela fé na continuidade da vida, o aposentado João Batista, 68 anos, pai do  cabo Adriano Batista da Silva, 41, morto por um soldado no último domingo (30), concedeu entrevista no enterro do filho e disse ter pena do rapaz que o matou. Ele lamentou que os médicos não tenham visto seu desequilíbrio.

JORNAL DO COMMERCIO – O senhor acredita em falha na avaliação médica do soldado que atirou em seu filho?

JOÃO BATISTA DA SILVA – Vi um coronel dizendo que o soldado estava apto para trabalhar. Foi provado que não estava. Podia ter acontecido com qualquer um. Esse corpo médico precisa ser revisto.

JC – Como a família está diante dessa tragédia?

JOÃO – Tenho uma religião que me ajuda muito. Sou espírita. Minha mulher também. Sabemos que a vida não se encerra aqui, que ele está em seu corpo espiritual e certamente vamos nos encontrar de novo. Isso conforta. Mas que é fácil não é não.

JC – Que lembrança vai ficar de seu filho?

JOÃO – Era o filho que todo pai gostaria de ter. Não media esforços para nos ajudar. Ligava sempre perguntando se precisávamos de algo. Beijava a gente. Gostava do trabalho, mas não falava de problemas. Em casa era só festa. A saudade vai ser grande.

JC – Que tipo de providência o senhor espera?

JOÃO – Providência é com as autoridades. O que fizeram comigo não tem reparo. Meu filho não volta mais. A Justiça é com o de lá de cima. Eu tenho pena do rapaz que fez isso, não quero nem vê-lo nem saber se foi julgado e condenado. Ele é um desequilibrado e deve muito à lei de Deus. Eu só peço a Deus pelos dois filhos que ficaram. Um deles é policial civil. A preocupação continua.

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