IMPACTO AMBIENTAL

Tapete verde cobre o mar em Boa Viagem

Pela primeira vez, pesquisadores da UFPE flagraram predominância de algas verdes na praia

Claudia Parente
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Claudia Parente
Publicado em 24/05/2015 às 8:45
Juliane Bernardi/Divulgação
Pela primeira vez, pesquisadores da UFPE flagraram predominância de algas verdes na praia - FOTO: Juliane Bernardi/Divulgação
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Um fenômeno diferente aconteceu na Praia de Boa Viagem, na semana passada, no trecho em frente ao Hotel Golden Tullip. Os recifes foram totalmente cobertos por uma alga verde. A presença maciça desses organismos chamou a atenção de pesquisadores do Departamento de Oceanografia da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE). Em mais de 20 anos de atividade na área, eles nunca tinham presenciado a predominância tão esmagadora de um único gênero na praia.

“Como não estavam fixas, certamente foram trazidas por uma chuva forte ou correntes marinhas”, explica a pesquisadora Juliane Bernardi, que coleta algas em Boa Viagem para um projeto de doutoramento em oceanografia e fotografou o fenômeno. Ela esclarece que a concentração de uma única espécie de alga numa área indica impacto ambiental, provavelmente causado por ação antrópica. “Pode ser poluição derivada de despejo de esgoto doméstico.”

Juliane diz que essa espécie, identificada como Bryopsis sp, é comum no litoral nordestino. “Mas não nessa quantidade”, ressalta. Segundo a pesquisadora, os resíduos domésticos saturam a água com nitrogênio e fósforo, que funcionam como nutrientes, fazendo essas algas crescerem mais rápido que outras.

O problema da prevalência de um tipo só de alga é que ela pode sufocar outros organismos, inclusive os corais que habitam os recifes. “Sem contar o mau cheiro que deixam na praia”, lembra Juliane. Quem esteve em Boa Viagem, na segunda-feira, deve ter visto as ondas escuras que quebravam nos arrecifes. Verdadeiros bancos foram formados por esses organismos sobre o quebra-mar.

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