Lula em vantagem na disputa política sobre Transposição, diz analista

Ex-presidente cobra 'paternidade' sobre o projeto em duelo com PMDB e PSDB
Franco Benites
Publicado em 09/03/2017 às 8:41
Ex-presidente cobra 'paternidade' sobre o projeto em duelo com PMDB e PSDB Foto: Divulgação


É grande a disputa política entre PT, PMDB e PSDB sobre a Transposição do Rio São Francisco. Mas para o cientista político Túlio Velho Barreto, da Fundação Joaquim Nabuco (Fundaj), a vantagem nesse briga, até o momento, é do ex-presidente  Lula (PT).  

“A obra já foi contestada no passado pelo PSDB. O governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), poderia estar denunciando que a obra não está completa. Poderia apontar que houve descuido e descaso. Mas todos estão tentando capitalizar em cima da obra, o que legitima o projeto em si. Isso tende a favorecer Lula”, diz.



Ainda de acordo com Túlio Velho Barreto, o presidente Michel Temer (PMDB) e Alckmin têm atuado para tentar reduzir o “favoritismo” do PT sobre a Transposição.

“O PSDB é um concorrente competitivo e tenta capitalizar com a Transposição porque sabe que é importante para o Nordeste, pois coloca água onde há necessidade. Penso que o governo Temer não tem legitimidade e não goza de prestígio  no Nordeste e, sendo assim, busca um apoio popular com a Transposição. Já o PT tenta neutralizar essas ações e reivindica para isso os grandes investimentos feitos no projeto”, afirma.

O cientista político Elton Gomes, das faculdades Damas e Estácio, vê uma diferença de postura entre Temer e Lula.

“O presidente tenta melhorar a imagem do governo perante um eleitorado importante e carente, mas  não  me parece que  esteja chamando para si a paternidade da obra”, avalia.

Esta semana, a  Câmara de Vereadores de Campina Grande aprovou a concessão do  título de Cidadania Campinense e da Medalha de Honra ao Mérito Municipal  a Temer. O presidente estará na cidade nesta sexta-feira, um dia anter de ir ao município de Monteiro visitar uma das estações da Transposição.

“Desconfio que os vereadores estão preocupados em associar  sua imagem  à do presidente, que vai inaugurar um trecho da obra no Estado”, pondera Gilbergues Santos, cientista político e professor da Universidade Estadual da Paraíba (UEPB).

O estudioso ressalta, ainda, as mudanças de postura no Estado paraibano em relação ao projeto. “O senador Cássio Cunha Lima (PSDB-PB), quando Lula era presidente,  era radicalmente contra a Transposição. Agora que o PSDB está no governo,  ele mudou o discurso”, diz.

A reportagem do JC tentou contato com a assessoria do senador, mas não obteve êxito.

PAULO CÂMARA COBRA AJUDA

O governador Paulo Câmara (PSB) se reuniu na última quarta-feira com o ministro de Planejamento, Desenvolvimento e Gestão, Dyogo Oliveira, para pedir atenção às prioridades de Pernambuco nas questões relativas ao Orçamento Geral da União (OGU) e às emendas de recursos hídricos da bancada federal do Estado. A reunião também teve a participação do vice-governador e secretário de Desenvolvimento Econômico, Raul Henry (PMDB).

"Conversei com o ministro sobre a necessidade de ter uma atenção especial da União para a Adutora do Agreste e o Sistema Adutor do Oeste. São obras fundamentais para o nosso Estado, principalmente porque estamos entrando no sexto ano consecutivo de seca", disse Paulo.

De acordo com o governador, essas duas obras são essenciais para dar consequência real no Estado à transposição das águas do Rio São Francisco. 

O governo estadual destaca que o Sistema Adutor do Oeste foi iniciado, mas por falta de repasses de recursos do Governo Federal está com obras paralisadas desde 2015. 

"Já temos mais R$ 100 milhões conveniados para o Sistema Adutor. É um valor pequeno diante da importância para milhares de famílias do Sertão de Pernambuco", destacou.

Paulo Câmara e Raul Henry também solicitaram informações sobre a Ferrovia Transnordestina, que está com obras paralisadas por determinação do Tribunal de Contas da União (TCU). 

O TCU proibiu o repasse de recursos públicos para o projeto, enquanto a empresa concessionária - a CSN - não prestar informações sobre o que foi concluído da obra e os seus custos até o momento.

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