Suspeito de assassinar companheira na Madalena é preso e levado para o Cotel

O mandado de prisão preventiva foi emitido na tarde desta terça-feira
AMANDA RAINHERI
Publicado em 18/02/2020 às 19:42
Foto: Foto: Wellington Lima/JC Imagem


Suspeito de assassinar a fotógrafa Leandra Jennyfer da Silva, de 22 anos, no último dia 9 de fevereiro, Raphael Cordeiro Lopes, 32, foi preso na noite desta terça-feira (18). De acordo com o delegado Gustavo Godoy, o mandado de prisão preventiva contra o companheiro da vítima foi expedido às 17h. Raphael foi conduzido ao Instituto de Medicina Legal (IML), em Santo Amaro, área  Central do Recife e, em seguida, para Centro de Observação Criminológica e Triagem Professor Everardo Luna (Cotel), em Abreu e Lima, Grande Recife.

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Raphael tinha um relacionamento de três anos com Leandra. No último dia 8 de fevereiro, um sábado, o casal foi a uma prévia de Carnaval em Olinda, no Grande Recife. Na madrugada de domingo, ainda durante o evento, os dois teriam discutido porque o homem estaria consumindo drogas. Leandra, então, voltou para a casa onde os dois viviam, na Madalena, Zona Oeste da capital. Raphael teria chegado em seguida e uma luta corporal teria iniciado, na presença do filho do casal de um ano e meio. 

Por volta das 6h, o homem apareceu na casa da amiga da família que tomava conta da criança, ensanguentado. À babá ele contou que havia disparado acidentalmente contra Leandra e pediu que a amiga socorresse a vítima. A mulher encontrou Leandra desacordada na residência. A fotógrafa, então, foi socorrida por vizinhos e levada ao Hospital Getúlio Vargas, na Zona Oeste, mas não resistiu aos ferimentos e faleceu. 

Na segunda-feira (10), durante o velório de Leandra, Raphael enviou uma mensagem através de um aplicativo para a ex-sogra. Nela, ele admite ter cometido o crime, pede perdão à família e diz que a morte da companheira foi um acidente. Também pede à mãe da ex-mulher que cuide da criança. Além do menino de um ano e meio, Leandra deixou outro filho, de seis anos, que vivia com a avó materna. 

Foto: Wellington Lima/JC Imagem
Velório de Leandra foi marcado por dor e revolta - Foto: Wellington Lima/JC Imagem
Foto: Wellington Lima/JC Imagem
Velório de Leandra foi marcado por dor e revolta - Foto: Wellington Lima/JC Imagem
Foto: Wellington Lima/JC Imagem
Velório de Leandra foi marcado por dor e revolta - Foto: Wellington Lima/JC Imagem
Foto: Wellington Lima/JC Imagem
Velório de Leandra foi marcado por dor e revolta - Foto: Wellington Lima/JC Imagem

Se apresentou, mas foi liberado

Acompanhado dos advogados, Raphael se apresentou na Delegacia do Cordeiro, na Zona Oeste, no dia 13 de fevereiro, mas foi liberado por falta de mandado de prisão preventiva, causando revolta na família. O inquérito foi concluído e remetido ao Ministério Público de Pernambuco (MPPE) no dia 14, junto ao pedido de prisão do homem. A Justiça concedeu o pedido na tarde desta terça-feira (18), nove dias após o crime. 

"Eu sempre dizia para ela: 'minha filha, se livre dele'"

Em recente entrevista ao Jornal do Commercio, a mãe de Leandra, Josiane Oliveira, 44 anos, contou que já havia aconselhado a filha diversas vezes para dar um fim ao relacionamento, devido aos comportamentos de Raphael. Josiane relatou que ela criava o neto mais velho e que a fotógrafa havia se afastado da família depois que casou com o empresário. "Eu cheguei do trabalho e fui me deitar. Acordei com a ligação da menina que toma conta do filhinho dela, dizendo que havia acontecido um acidente. Ela disse que Leandra tinha sido ferida no braço. Quando eu chego, ela já vem chorando dizendo que minha filha estava morta", afirmou.

De acordo com Josiane, após cometer o crime, Raphael teria ido na casa da babá do filho do casal e assumido que teria matado a esposa. Josiane explica que Raphael e Leandra brigavam com frequência e que, há uma semana, discutiu com o homem. "Eu disse: 'minha filha, você tem precisão disto não. Você sempre trabalhou comigo. Você não precisa estar se submetendo a isto'. Na minha presença ele nunca fez, mas meu neto de seis anos já falou para mim que Raphael havia dado um empurrão nela e que ela tinha caído no chão", acrescenta Josiane.

A mãe da fotógrafa relata que quem socorreu Leandra foi a babá do filho mais novo dela. "Se ele tirasse minha vida, eu tava satisfeita. Mas ele tirou a vida da minha filha. Ele me matasse e eu não queria saber de nada, mas ele matou minha filha", completou.

Projeto Uma por uma

Existe uma história para contar por trás de cada homicídio de mulher, em Pernambuco. O especial Uma por Uma contou todas. Em 2018, o projeto mapeou onde as mataram, as motivações dos crimes, acompanharam a investigação e cobraram a punição dos culpados. Um banco de dados virtual, com os perfis das vítimas e agressores, além dos trágicos relatos que extrapolam a fotografia da cena do crime.

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