Cena Política

As federações partidárias no Brasil, Shakespeare e Túlio Gadêlha

Confira a coluna Cena Política deste domingo (5)

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Igor Maciel

Publicado em 04/05/2024 às 20:00
Análise

As federações partidárias criaram uma ilusão de igualdade que vai causando conflitos entre políticos. Os entes federados não são iguais e nunca serão, porque a origem do modelo desenvolvido pelos parlamentares do PCdoB para se salvar da extinção, em 2022, é de uma boia salva-vidas e não de uma parceria.

E é por isso que Túlio Gadêlha (Rede) não terá como ser candidato à prefeitura do Recife, como gostaria.

Socorro

Quando as federações foram idealizadas, o PCdoB, de Luciana Santos e Renildo Calheiros, estava prestes a ser extinto. Ia ficar sem receber dinheiro nenhum da Justiça Eleitoral, perder a estrutura administrativa que possui e aceitar a saída dos poucos parlamentares, aqueles que fossem eleitos, em direção a outras siglas.

A salvação foi criar uma fusão que não é fusão.

Nem o ventilador

A federação é uma sociedade, com percentuais bem delimitados, na qual o dinheiro público destinado a determinada sigla continua sendo pago. É como se uma empresa que estava destinada à falência fosse absorvida por outra maior, mantivesse o nome fantasia, mantivesse o faturamento que não é suficiente para lhe dar representatividade no mundo, mas sobrevivesse porque “dorme no sofá” da “empresa mãe”.

A “mãe” do PCdoB é o PT. Mas a participação dos comunistas na relação é tão pequena que eles não escolhem nem a hora de ligar o ventilador da sala.

Shakespeare

Na federação da Rede com o PSOL acontece a mesma coisa. As ações estão divididas em 70% x 30%, com desvantagem para o partido de Marina Silva (Rede) e Túlio Gadêlha. A Rede estava para ser extinta e pediu socorro ao PSOL em 2022.

Por isso, com a deputada estadual Dani Portela (PSOL) estando disposta a batalhar pelo cargo de prefeita, com o partido dela apoiando nacionalmente e ainda pontuando acima de Túlio nas pesquisas (como está), imaginar que ele seria o candidato era, lembrando Shakespeare, um “sonho de uma noite de verão”.

Controle

Para que os partidos pensando em compor uma dessas uniões possam se lembrar no futuro, porque as federações que estão em vigor terminam em 2026: é importante entender que elas não são grupos altruístas e nem são ambientes igualitários.

Nem mesmo as de esquerda, que defendem o respeito ao poder coletivo e vendem a democracia interna como símbolo de suas consciências sociais, abrem mão do controle que possuem sem que sejam obrigadas a isso.

Navio

O modelo da federação partidária é o de um navio que vai passando e resgata um náufrago. O sujeito salvo pode ficar sendo puxado numa bóia por toda a viagem. Se subir a bordo, pode trabalhar nos porões e até vai receber as três refeições do dia. Mas é bom esquecer a sala de controle da embarcação.

O náufrago resgatado nunca vai comandar o navio. E, se insistir, pode ser jogado de volta aos tubarões na próxima milha. Ou na próxima eleição.

Nos partidos políticos, e nas federações, igualdade é algo que se vende com frequência ao público externo, mas que ninguém quer usar em casa.

Plantão

As unidades de atendimento ao eleitor do TRE Pernambuco funcionam em todo o Estado, em regime de plantão, neste domingo até às 18h, inclusive no Shopping Guararapes. Apenas os postos localizados nas unidades do Expresso Cidadão dos shoppings RioMar, Boa Vista e Patteo Olinda ficaram fechadas no fim de semana, seguindo as regras de abertura do Expresso nesses locais.

Agendar

A preocupação do TRE-PE, com esse plantão, é garantir que todos os eleitores possam resolver pendências de regularização eleitoral até a próxima quarta-feira (8), quando termina o prazo referente às eleições de outubro. Os atendimentos precisam ser agendados no site do TRE-PE: www.tre-pe.jus.br

 

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